ATA DA SEXAGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 22.08.1997.
Aos vinte e dois dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Eliseu Sabino, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, Paulo Brum, Sônia Santos e Jocelin Azambuja. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Nereu D'Ávila, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Renato Guimarães. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Sexagésima Quinta Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pela Vereadora Anamaria Negroni, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Carlos Garcia, o Pedido de Informações nº 131/97 (Processo nº 2508/97); pela Vereadora Clênia Maranhão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 147/97 (Processo nº 2454/97); pelo Vereador João Dib, o Projeto de Lei do Legislativo nº 152/97 (Processo nº 2501/97); pelo Vereador Paulo Brum, a Indicação nº 91/97 (Processo nº 2528/97); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências e o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 19/97 (Processo nº 2545/97); pela Vereadora Sônia Santos, 02 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 226/97, do Senhor José Pereira Alvarez, Deputado Estadual/RS; 1540, 1548, 1550, 1588, 1590, 1596, 1599 e 1601/97, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto do Estado/RS; Convites: do Juiz Alcindo Gomes Bittencourt, Presidente do Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul, para Ato de Posse do novo Juiz daquela Corte, Excelentíssimo Senhor Doutor Voltaire de Lima Moraes; da Senhora Wrana Panizzi, Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, para a Ópera Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni. Após, o Senhor Presidente procedeu à entrega, ao Vereador Gerson Almeida, de Parecer da Procuradoria da Casa referente às implicações no Município da Medida Provisória nº 1539-34, que autoriza a abertura do comércio varejista em geral aos domingos. Na oportunidade, o Senhor Presidente procedeu à leitura de trechos deste Parecer; o Vereador Gerson Almeida colocou cópias do mesmo à disposição dos Senhores Vereadores; e a Vereadora Maria do Rosário prestou informações acerca de reunião realizada pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, relativa ao assunto, colocando à disposição dos Senhores Vereadores cópias dos apanhados taquigráficos desta reunião. Em prosseguimento, foi apregoado Requerimento do Vereador Hélio Corbellini, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nos dias vinte e um e vinte e dois do corrente, tendo o Senhor Presidente declarado empossada na vereança a Suplente Maristela Maffei, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. A seguir, em TRIBUNA POPULAR, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Marina Helena Durganti, Presidenta do Sindicato dos Servidores da Câmara Municipal de Porto Alegre, SINDICÂMARA, que discorreu acerca da situação vivenciada pelo servidor público frente à política econômica vigente no Pais, salientando questões referentes aos municipários de Porto Alegre e solicitando o cumprimento, pelo Executivo Municipal, do artigo 7º da Lei nº 7428/94. Também, convidou a todos para o lançamento, dia vinte e seis de agosto do corrente, do Informativo SINDICÂMARA. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador João Dib, reportando-se ao assunto tratado em Tribuna Popular pela Senhora Marina Helena Durganti, registrou dificuldades encontradas nas tentativas de marcar uma audiência com o Senhor Prefeito Municipal, declarando que tais dificuldades refletem um desprestigiamento do Poder Legislativo. Ainda, destacou a necessidade do cumprimento da Lei nº 7428/97, conforme determinação do Poder Judiciário. O Vereador Gerson Almeida reconheceu os problemas enfrentados pelos servidores públicos municipais, afirmando, contudo, estarem estes servidores em melhor situação do que os de nível estadual e federal, os quais não recebem reajuste desde a implantação do Plano Real no País. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 146, 148 e 149/97, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 15/97, este discutido pelos Vereadores Cyro Martini e Renato Guimarães, e o Projeto de Resolução nº 25/97, este discutido pelo Vereador Renato Guimarães; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 145/97, o Projeto de Lei do Executivo nº 35/97, este discutido pelos Vereadores Jocelin Azambuja, Adeli Sell e Renato Guimarães, e o Projeto de Lei Complementar do Executivo nº 03/97; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 138 e 144/97, o Projeto de Lei do Executivo nº 36/97 e o Projeto de Resolução nº 23/97. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento do Vereador Cláudio Sebenelo, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no dia de hoje. Em prosseguimento, o Senhor Presidente declarou empossado na vereança o Suplente Nede Soares, após a indicação de seu Nome Parlamentar e entrega de seu Diploma e Declaração de Bens e da prestação do compromisso legal, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Saúde e Meio Ambiente. Também, registrou correspondência recebida do Suplente Gilberto Batista, o qual informa sua impossibilidade de assumir a vereança, hoje, em substituição ao Vereador Cláudio Sebenelo. A seguir, nos termos do § 7º do artigo 12 do Regimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Nede Soares, que, salientando sua satisfação por integrar este Legislativo, discorreu sobre seus propósitos de realizar um trabalho positivo em prol da comunidade porto-alegrense. Também, criticou projeto aprovado pela Casa, que viabilizou o aumento das tarifas do transporte coletivo da Cidade. Na oportunidade, em Questão de Ordem, o Vereador João Dib solicitou informações acerca do envio, pelo Executivo Municipal, da planilha de custos na qual se embasou o aumento das tarifas do transporte coletivo da Capital. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Fernando Záchia referiu-se ao pronunciamento do Vereador Nede Soares, acerca do aumento verificado nas tarifas do transporte coletivo da Cidade, comentando a votação, na Casa, de projeto a respeito do assunto. O Vereador Jocelin Azambuja registrou estar encaminhando projeto com o objetivo de regularizar a destinação, nos "shoppings" da Capital, de espaço para descanso dos trabalhadores desses locais. Assinalou o transcurso, dia vinte e quatro de agosto do corrente, do aniversário da morte do ex-Presidente Getúlio Vargas, salientando que seu Partido realizará evento para assinalar tal data. O Vereador Pedro Ruas saudou o ingresso da Senadora Emília Fernandes no PDT, a qual deverá proceder hoje à assinatura da ficha partidária, declarando que a opção de troca de partido efetuada por Sua Excelência baseia-se na trajetória política coerente sempre por ela seguida. O Vereador Antonio Hohlfeldt comentou os aumentos das tarifas do transporte coletivo de Porto Alegre, questionando se o Executivo Municipal enviou à Casa a planilha de custos relativa a esses aumentos. Ainda, teceu considerações acerca da política salarial vigente no Município e, finalizando, registrou convenções municipais a serem realizadas pelo PSDB, no dia vinte e quatro de agosto do corrente. O Vereador Carlos Garcia discorreu sobre medidas tomadas pela Secretaria Municipal dos Transportes, de alargamento de canteiro da Avenida Ipiranga, no trecho entre a Avenida Érico Veríssimo e a Avenida Azenha, declarando ter encaminhado ao Executivo Municipal Pedido de Informações quanto aos custos e reais implicações desta obra no trânsito da área abrangida. Após, respondendo a questionamentos dos Vereadores João Dib e Antonio Hohlfeldt, o Senhor Presidente informou que foi recebida, dia dezoito de agosto do corrente, a planilha de custos relativa aos aumentos das tarifas do transporte coletivo de Porto Alegre. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e foi deferido pelo Senhor Presidente Requerimento da Vereadora Maria do Rosário, subscrito pelo Vereador Paulo Brum, solicitando que o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 01/97 seja incluído na Ordem do Dia por força do artigo 81 da Lei Orgânica Municipal. Após, foram apregoadas a Subemenda nº 01 à Emenda nº 01 e a Emenda nº 02 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/97, ambas de autoria do Vereador Gerson Almeida. Também, foi aprovado Requerimento do Vereador Gerson Almeida, solicitando sejam a Subemenda nº 01 à Emenda nº 01 e a Emenda nº 02, acima referidas, dispensadas do envio para apreciação das Comissões Permanentes. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/97, por vinte e seis votos SIM, após ter sido discutido pelo Vereador Antônio Losada e encaminhado à votação pelos Vereadores Anamaria Negroni e Renato Guimarães, tendo sido submetido à votação nominal por solicitação do Vereador Clovis Ilgenfritz e tendo votado os Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Garcia, Clênia Maranhão, Clovis Ilgenfritz, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Jocelin Azambuja, Maristela Maffei e Nede Soares. Após, foram aprovadas a Emenda nº 01, a Subemenda nº 01 à Emenda nº 01 e a Emenda nº 02 ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/97. Em Discussão Geral e Votação estiveram os Projetos de Lei do Legislativo nºs 21 e 27/97 que, a Requerimentos, aprovados, do Vereador Antonio Hohlfeldt, tiveram adiadas suas discussões por três Sessões. Foi rejeitado o Requerimento nº 170/97 (Processo nº 2307/97 - Moção de Repúdio por propaganda político-partidária veiculada pelo PT), de autoria da Vereadora Anamaria Negroni, por quatro votos SIM, dezessete votos NÃO e três ABSTENÇÕES, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Adeli Sell, Anamaria Negroni, Luiz Braz, Fernando Záchia, Antonio Hohlfeldt, Pedro Ruas e Reginaldo Pujol, tendo sido submetido à votação nominal por solicitação da Vereadora Anamaria Negroni, votando Sim os Vereadores Anamaria Negroni, Antonio Hohlfeldt, João Carlos Nedel e Nede Soares, votando Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, Isaac Ainhorn, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Pedro Ruas, Renato Guimarães e Maristela Maffei e optando pela Abstenção os Vereadores Clênia Maranhão, Luiz Braz e Jocelin Azambuja. Na oportunidade, o Vereador Gerson Almeida solicitou cópia dos apanhados taquigráficos referentes ao encaminhamento do Vereador Antonio Hohlfeldt ao Requerimento da Vereadora Anamaria Negroni, acima citado. Após, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Marco Antônio Rio Branco, da Executiva Estadual do PSDB, e do Senhor Ruben Luiz Rota Gomes, Presidente do PTB de Chuí. Também, informou ter a Casa recebido convite para participar do III Encontro de Prefeitos, Intendentes, Vereadores e Governadores do Cone Central da América do Sul, a ocorrer no Chile, no período de vinte e sete a trinta de agosto do corrente, declarando que o Vereador Reginaldo Pujol representará a Casa neste evento, em nome das Comissões de Constituição e Justiça e de Finanças e Orçamento. A seguir, os Vereadores José Valdir, como Presidente da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, registrou que essa Comissão seria representada no evento acima mencionado pelo Vereador Antônio Losada e o Vereador Pedro Ruas informou que a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento reunir-se-á para decidir sobre sua representação. Também, o Vereador Juarez Pinheiro, como Vice-Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, declarou sua concordância com a indicação do nome do Vereador Reginaldo Pujol. A seguir, foi aprovado o Requerimento nº 200/97 (Processo nº 2588/97 - Moção de Apoio ao projeto que regulamenta a assistência ao aborto legal), da Vereadora Clênia Maranhão, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Clênia Maranhão, Pedro Ruas, Maria do Rosário e Anamaria Negroni. Às doze horas e quarenta e seis minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz, Isaac Ainhorn, Reginaldo Pujol, Paulo Brum e Jocelin Azambuja, este nos termos do parágrafo único do artigo 27 do Regimento, e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Queremos informar ao Plenário que estamos entregando
ao Líder da Bancada do PT, Ver. Gerson Almeida, o Parecer da Procuradoria
Jurídica, o qual foi solicitado por S. Exa., com relação às implicações, em
nosso Município, da Medida Provisória editada pelo Presidente da República, que
autoriza a abertura do comércio aos domingos. A douta Procuradoria fez um
Parecer consubstanciado que será entregue ao Vereador - desde já, peço uma
cópia a V. Exa.
(Lê o Parecer da
Procuradoria desta Casa, da advogada Regina da Silva Carvalho, ao Processo nº
2458/97, de autoria do Ver. Gerson Almeida.)
O SR. GERSON
ALMEIDA (Esclarecimento): Sr. Presidente, eu
agradeço. Penso que, com esse Parecer, a questão pode ficar elidida, se houver
controvérsias sobre a Medida Provisória. No entanto, quero registrar também que
essa é uma iniciativa que devo compartilhar com V. Exa, porque a encaminhei
depois de uma declaração pública do Presidente da Câmara exatamente neste
sentido. Então, é uma iniciativa da Casa.
Agradeço, e a cópia já foi
remetida a V. Exa.
O SR.
PRESIDENTE: Há
uma coincidência na linha de pensamento de V. Exa., meu Líder, comigo.
A SRA. MARIA
DO ROSÁRIO (Esclarecimento): Ontem a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos
Humanos recebeu nesta Casa a Presidente e uma representação do Sindicato dos
Comerciários de Porto Alegre acerca desse tema, e as notas que foram gravadas
estão à disposição dos Srs. Vereadores. Abordamos preocupações que o Sindicato
tem, não só relacionadas a nossa Cidade, que o Sindicato considera que está
resguardado pela lei municipal, mas também em relação a possíveis pressões que
possam haver no sentido da modificação da atual lei municipal. E a Comissão de
Defesa do Consumidor deliberou, em caráter isonômico, que também ouvirá os setores empresariais.
Nesse sentido, comunicamos a
Casa. Sabemos da importância desse documento trazido pela Presidência,
baseando-se na solicitação do Ver. Gerson Almeida, mas sabemos que existe uma
situação de instabilidade constituída por essa Medida Provisória que, de fato,
tenta determinar um padrão, um comportamento aos Municípios, coisa que a nossa
Cidade não permitirá.
O SR.
PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini solicita licença para
tratamento de saúde nos dias 21 e
22.08.97.
(Obs.: Foi apregoado
Requerimento de licença do Ver. Hélio Corbellini e dada posse à Suplente,
conforme consta da Ata.)
Passamos à
É um prazer todo especial,
porque se trata de uma entidade da nossa Casa, o Sindicato dos Servidores da
Câmara de Porto Alegre - SINDICÂMARA. Essa entidade é representada pela sua
Presidente Marina Durganti, que falará sobre o servidor público diante da
política salarial implantada no País e as repercussões no serviço público.
A SRA. MARINA
DURGANTI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e colegas presentes, um bom-dia. Sr. Presidente,
Srs. membros da Mesa, colégio de Líderes.
Em primeiro de agosto
enviamos a V. Exas. um ofício deste Sindicato no sentido de encaminhamento, por
V. Exas., do cumprimento do que dispõe a Lei 7428/94, em seu art. 7° e
parágrafos, pois desde 29 de maio último foi publicado acórdão do Tribunal de
Justiça, que julgou improcedente a ADIN do Sr. Prefeito Municipal e, até agora,
o Sr. Prefeito não cumpre com a lei salarial, em flagrante desrespeito ao Poder
Judiciário.
“Tem sido atribuído ao
funcionalismo público, nos últimos tempos, um imerecido e assustador papel
fantasmagórico como se fosse o responsável pelos problemas financeiros
estatais”- citação do texto “Falso Fantasma”, do Desembargador Sérgio G.
Pereira.
O servidor público tem sido
usado como bode expiatório das mazelas do setor público, mas nós, servidores
deste Legislativo, estamos atentos para isso, porque os responsáveis pelo
desmonte do serviço público são aqueles mesmos que nos impõem um pérfido
arrocho salarial, são aqueles que não reconhecem perdas salariais, são os que
não cumprem lei salarial, e esses governos não ouvem o clamor dos seus
servidores, não apresentam propostas aos seus sindicatos, não sentam à mesa de
negociação, viram as costas para nós. Nós identificamos, sim, aqueles que
querem nos usar como bode expiatório, que querem nos transformar em falsos
fantasmas. Não vamos permitir que isto aconteça.
O discurso daqueles que
ocupam hoje cargos nos Executivos, tanto federal, como estadual e municipal - e
aqui eu me manifesto a respeito do Município de Porto Alegre, que é o nosso
poder local, que é o nosso patrão - o discurso – dizia – é o mesmo, a prática
de maquiar dados orçamentários, especialmente aqueles que dizem respeito ao
comprometimento da despesa com o pessoal, também é a mesma. A Prefeitura
Municipal de Porto Alegre não publica os dados com a mesma transparência e,
quando o fazem, induzem a população a erro, haja vista a publicação do
informativo direto, feito no mês de junho de l997, em que a Prefeitura
assegurava, na contracapa, que as receitas do SUS, nos termos da Constituição
Federal e Lei Orgânica da Saúde, não podem ser desviadas para pagamento de
salários e, no mesmo mês de junho, não é isso que fizeram, porque aqui se abre
crédito, como se lê no Diário Oficial de Porto Alegre de 09.06.97, créditos
suplementares para pagar o pessoal civil do SUS. Diante disso, fica claro que o
uso da verba do SUS é feito para pagamento de pessoal.
À Comissão do Dissídio, que
é presidida pelo Ver. João Dib, Vice-Presidente Ver. Adeli Sell, Relator Ver.
Carlos Garcia, e com a representatividade de todas as bancadas desta Casa, nós
desejamos sucesso. Nós os respeitamos. Por requerimento do SINDICÂMARA e por
ofício do nosso Presidente da Casa, requereu-se ao Presidente do Tribunal de Contas uma consulta sobre essa exclusão das verbas do SUS e das receitas
correntes, se era legal. O Tribunal de Contas nos respondeu, em 12 de agosto, o seguinte: “As transferências do
SUS não poderão ser excluídas das receitas correntes, conforme determina a Lei
Camata e a Lei 4320/64”. Essa mesma
Administração Popular não apresenta dados de forma clara e transparente,
porque paira sobre ela a ameaça que pode ser o começo do desvendar do mistério
da caixa preta do orçamento. O que nos causa indignação é que os que apóiam o
Governo Municipal preferem tratar as questões estaduais e do País em detrimento
das questões locais. A nossa voz não encontra eco no Paço Municipal. Negociação
com proposta clara de reposição salarial por parte do Sr. Prefeito é o que se
exige nessa ocasião.
Sr. Presidente, não
poderíamos deixar de registrar o nosso repúdio por ocasião do resultado da
votação da LDO para 1998, que fez com que o Orçamento da Câmara diminuísse de
4% para 3,5%. Entendemos que resultados desta ordem são prejudiciais à boa
administração desta Casa, contribuindo, substancialmente, para acelerar o
processo do desmonte do setor público neste País, comprometendo e fragilizando o Poder legislativo. O SINDICÂMARA se
congratula com aqueles Edis que votaram pela permanência dos 4%. E, com
certeza, nós os identificamos a contento.
Queremos agora, neste
momento, convidar todos os Senhores Edis e ainda os funcionários, apesar de já
termos enviado este manifesto, mas gostaríamos de convidar para uma homenagem
que será prestada ao Ver. João Dib e aos funcionários Lurdes Conceição Toldo e Jair de Almeida Machado, como o perfil
de Vereador e perfil de funcionários, na terça-feira, às 18h15min, no Plenário
Otávio Rocha. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. João Dib está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO
DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu posso dizer que hoje estou triste. Lembro que
o autoritarismo é tão criticado! Prefeitos autoritários, Vereador que não sabe
perder porque vive a era do autoritarismo. Nunca vi fazerem para os servidores
municipais o que a Prefeitura está fazendo hoje. Já tentou multá-los,
removê-los e agora houve um atrito entre a Guarda Municipal e os servidores,
que apenas queriam dar mais segurança à barraca. Na época do autoritarismo,
quando os servidores se movimentavam, não precisava de barraca, porque,
imediatamente, era entregue o microfone, o alto-falante, a escada, as condições
para que se expressassem, mas havia uma coisa mais importante: os servidores
conseguiam falar com os autoritários. Eu fui Prefeito, e não há servidor capaz
de dizer que não foi recebido pelo Prefeito.
Eu estou muito triste,
porque já pedimos audiência para o Prefeito para levar o nosso relatório e não
há resposta, e não quero que ocorra o que já aconteceu em maio de 1991 quando
ali, no corredor, entreguei ao Sr. Olívio Dutra um pedido de audiência assinado
por seis líderes para que se tratasse do dissídio coletivo dos servidores que
estavam em greve. E não houve audiência até hoje. O Dr. Tarso Fernando, em maio
de 1995, solicitado para uma audiência por este Vereador para tratar do dissídio,
também não se manifestou. Isso não existia na época do autoritarismo. Era muito
mais fácil falar com o Prefeito, especialmente com os Secretários. Hoje é tudo
mais difícil. Agora há algumas coisas que me entristecem e que vão continuar me
entristecendo, como é o caso desta Emenda dos 3.5% - e aí eu tenho toda a
liberdade de falar -, 3.5%, excluídas as verbas do SUS.
Temos um documento que a
nossa Comissão pediu ao Tribunal de Contas, e as verbas do SUS fazem parte das
receitas e despesas correntes. Mas a Câmara é o Poder Legislativo e tem sido
desprestigiada pelo Poder Executivo, e a Câmara tem apoiado o Poder Executivo.
Isso não pode continuar assim. O Prefeito Tarso Fernando Genro fez retroagir
uma liminar para tomar o dinheiro dos municipários, e o fez com toda a
tranqüilidade e, segundo ele, que é advogado trabalhista, alicerçado em uma
liminar que lhe dava esse direito. Eu acho que a liminar valeria dali para a
frente e não para tirar o que já havia sido ganho. Julgado o processo no
mérito, por 14 a 8 a Prefeitura perdeu. O que é que tinha que fazer quem tinha
dignidade? Pagar aquele dinheiro que foi tomado. O Poder Legislativo também
entrou na mesma situação. Agora nós já temos uma decisão judicial. Se o
Prefeito não quer enfrentar o problema com a seriedade que tem que ser
enfrentado, mas sim mandando recados à Câmara para dizer que ele vai vetar a
Emenda dos 3,5%, fora as receitas do SUS, se ele vai fazer isso, é
absolutamente indigno. Nunca vi fazer isso. Ele não deveria interferir no Poder
Legislativo, como o Dr. Tarso Genro fez quando o Presidente Ferronato resolveu
dar um abono de 10% no mês de dezembro sobre o salário básico e 10% no mês de
janeiro. Como no mês de dezembro havia necessidade de votar leis em regime de
convocação extraordinária, não fez nada. Em janeiro, ele não deixou pagar os
10% da Justiça. Quem recorre à Justiça deve atender a Justiça. Perdeu, paga.
Não tem outra colocação. E o Poder Executivo e o Poder Legislativo perderam na
Justiça. Paguem! Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Gerson Almeida em Comunicação de Líder.
O SR. GERSON
ALMEIDA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, caros servidores municipais, Presidente do
SINDICÂMARA. Quero também falar sobre esse tema que foi trazido à tribuna,
primeiro reconhecendo, como não poderia deixar de ser, que os trabalhadores,
seja na esfera municipal, federal, pública ou privada, passam por um dos
momentos mais difíceis, uma categoria - os trabalhadores - que neste País não
conhece os bons momentos. E de momento difícil em momento difícil parece que a
situação cada vez se agrava mais. E é nesse quadro que devemos discutir não só
a política salarial, mas toda a política de pessoal, que aqui, no Município de
Porto Alegre, temos buscado consagrar e melhorar crescentemente.
Foi falada a questão da
mudança do índice de reajuste, do ICV do DIEESE para o IGPM. Agora, é preciso
dizer em que condições aquilo foi feito: exatamente com o advento do Plano
Real, que estabeleceu um conjunto de regras novas e diferentes na política
econômica do País, Plano Real que nós sabemos muito bem que mazelas impôs a
todos os assalariados e, pior, não só impôs mazelas terríveis como diminuiu o
número de assalariados, fez crescer sobremaneira o desemprego em nosso País.
Aqui mesmo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, temos 14 a 15% de
desempregados.
Ninguém deu reajuste maior
do que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, apesar de ser um reajuste
bastante aquém daquilo que era necessário e seria adequado fazer. Isso também é
preciso reconhecer, porque, caso contrário, as discussões ficam difíceis. Se
isso que estou dizendo não for verdade, isso deve ser usado como um bom
argumento na mesa de negociações, no debate entre a categoria municipária e o
Poder Público Executivo.
A Prefeitura de Porto Alegre
é uma das poucas prefeituras que ainda admite pessoal, porque, a partir da
disputa pública pela renda, tem sido ampliado bastante o serviço público em
várias áreas e há uma pressão muito forte para que mais pessoal se admita,
coisa que as finanças públicas não resistiriam. A Prefeitura de Porto Alegre é
uma das poucas que não está demitindo pessoal. Uma outra forma que os
neoliberais usam para resolver seu problema de déficit: arrochar salários e
demitir pessoal. Em Viamão, o Prefeito Eliseu Chaves - do nosso partido -
assumiu com cinco meses de salários atrasados. Em Alvorada, a nossa companheira
Estela assumiu a Prefeitura com quatro meses de salários atrasados; o lixo de
Alvorada não era recolhido há cinco meses - e eu vivenciei essa tragédia porque
minha mãe e meu pai moram em Alvorada, e todos os domingos que podia eu ia lá e
via o que era a situação a que os habitantes estavam sujeitos.
O Governo Federal, também,
com o apoio de partidos que, em nível municipal, acham uma coisa, mas que, na
prática, quando são governo, fazem exatamente o contrário, impôs a continuidade
do FEF, que tira milhões dos Estados e Municípios, e isso com o apoio de todos
os partidos que compõem o bloco do Governo Estadual e Federal. Só os partidos
de oposição é que estão lutando para que os Municípios tenham mais recursos. A
Lei Kandir, que desonera as exportações
do ICMS, é outra faca no peito dos Municípios e dos Estados, atacando duramente
as finanças públicas.
Querer igualar a política
salarial da Prefeitura de Porto Alegre, por mais problemas que tenhamos, às
leis dos neoliberais, acho que é um exagero de retórica muito forte. Em nível
federal e estadual não existe política salarial. Há três anos os servidores
federais não recebem um único centavo de reajuste. Há três anos que os
servidores estaduais não recebem um único centavo de aumento. Os professores
sabemos que salários recebem, em nível estadual e em nível municipal, muito
aquém, mas existe uma diferença significativa. Acho que devemos, sim,
incentivar ou ampliar as reivindicações e as lutas se for o caso. Agora, não
podemos igualar a política salarial que se faz em Porto Alegre às políticas
estadual e federal, pois, a meu juízo, esvazia a argumentação e é
insustentável, mesmo que muita coisa deva ser feita em nível municipal. E para isso devemos lutar, para mudar essa
política econômica que está impondo regras e limitações aos Municípios, que os
coloca numa situação muito difícil. Mas, mesmo assim, estamos conseguindo ter
uma política salarial radicalmente diferente dos outros. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Agradecemos
à Sra. Marina Durganti, Presidente do SINDICÂMARA, pela presença.
Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. 2424/97 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 015/97, de autoria do Ver. Luiz Braz, que altera o
art. 8º da Lei Complementar nº 320, de 02 de maio de 1994, que dispõe sobre a
denominação de logradouros públicos e dá outras providências.
PROC. 2442/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 146/97, de autoria da Vera. Clênia Maranhão, que denomina
Rua Maria Dorvalina Borges um logradouro irregular localizado na Vila Santa
Rosa, no Bairro Rubem Berta.
PROC. 2459/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 148/97, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina
Rua Monsenhor Arthur Wickert um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
PROC. 2460/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 149/97, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina
Praça Dom Edmundo Luís Kunz um logradouro público localizado no Bairro
Farrapos.
PROC. 2513/97 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 025/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera a Resolução nº 1215, de 08 de
outubro de 1993, que institui o auxílio-creche aos funcionários da Câmara
Municipal de Porto Alegre, modifica a base de cálculo do referido auxílio e dá
outras providências.
2ª SESSÃO
PROC. 2428/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 145/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que concede o título
honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. Marçal Fortes Netto.
PROC. 2433/97 - PROJETO DE
LEI DO EXECUTIVO Nº 035/97, que autoriza o Município de Porto Alegre a firmar Convênio com
Metroplan, ABES/Seção RS e outros Municípios, com vistas ao gerenciamento
integrado dos resíduos sólidos gerados nos municípios conveniados.
PROC. 2440/97 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 003/97, que altera o inciso II do § 9º do art. 5º, o art.
24, o art. 31, o art. 64, os incisos II e VII do art. 71, o item 2 da alínea
"b" do inciso I do art. 72 da Lei Complementar nº 07, de 07 de
dezembro de 1973; o art. 1º da Lei Complementar nº 48, de 28 de dezembro de
1979; os arts. 8º e 9º da Lei Complementar nº 197, de 21 de março de 1989, e o
art. 1º da Lei Complementar nº 306, de 23 de dezembro de 1993. (legislação
tributária municipal)
3ª SESSÃO
PROC. 2381/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 138/97, de autoria do Ver. Antônio Losada, que denomina Rua
Alcides Honório da Silveira um logradouro irregular localizado no Bairro Rubem
Berta.
PROC. 2390/97 - PROJETO DE
RESOLUÇÃO Nº 023/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que concede o título honorífico de
Líder Esportivo e Esportista Exemplar a Henrique Felippe Bonnet Licht.
PROC. 2425/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 144/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que autoriza o Poder
Executivo Municipal a destinar local para a celebração de cultos
afro-brasileiros.
PROC. 2447/97 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº
036/97, que
acrescenta dispositivos e altera a
redação das Leis nºs 6787, de 11 de janeiro de 1991, e 7595, de 17 de janeiro
de 1995, bem como acrescenta requisitos à candidatura de Conselheiros
Tutelares. Com Emenda nº 01.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está
com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CYRO
MARTINI:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, comparecemos a esta tribuna no período de
Pauta para colocar a nossa apreciação sobre o Projeto de Lei Complementar do
Legislativo nº 15/97. Por meio desse Projeto o Ver. Luiz Braz visa a alterar o
art. 8º da Lei Complementar nº 320, de 02 de maio de 1994, que dispõe sobre a denominação de logradouros públicos
e dá outras providências. O art. 8º prescreve que a denominação de logradouros
públicos é permitida através de plebiscito, nos termos do art. 99 da Lei
Orgânica do Município e parágrafo único do art. 2º da Lei Complementar nº 282,
de 16 de outubro de 1992, cabendo à Câmara Municipal organizá-la.
Senhores, por óbvio, entendo
residir sobre esta proposta valor e significação que devem receber a nossa
acolhida, devem receber o nosso voto favorável. Entendo que, realmente, para
alterar a denominação de um logradouro, promover um plebiscito, um referendo, é
uma providência assaz excessiva, que ultrapassa os limites de algo razoável.
Entretanto, se a proposta do Ver. Luiz Braz fosse no sentido de que se
dispensasse absolutamente toda e qualquer consulta, nós seríamos absolutamente
contrários, tanto para denominar um logradouro quanto para modificar a sua
denominação. A nosso juízo, creio que, comungando com a maioria esmagadora dos
porto-alegrenses, modificar, dar uma denominação sem consultar os moradores do
logradouro ou os residentes nas cercanias parece-me uma arbitrariedade com a
qual não podemos compactuar e não podemos nos tornar cúmplices dela. Deve o
porto-alegrense, aquele a quem diga respeito aquela providência, manifestar a sua posição, deve dizer da sua
vontade. Eu hoje tenho plena consciência de que dar uma denominação para um
logradouro sem que os porto-alegrenses interessados a respeito da sorte daquele
logradouro sejam ouvidos é algo com que nós não podemos concordar. Seja qual
for o nome a ser homenageado, nós
devemos respeitar plenamente a vontade dos munícipes, especialmente daqueles
aos quais diz respeito.
Por isso, nós concordamos
com essa proposta do Ver. Luiz Braz e entendemos que ela deveria ser estendida
também à denominação dos bairros, embora eu entenda que, sobretudo, devêssemos
ouvir a voz da história, senão a voz da história, pelo menos a voz dos
moradores. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Paulo Brum): Apregoamos o pedido de licença de saúde do Ver. Cláudio Sebenelo na
data de hoje, conforme atestado médico anexo. O primeiro suplente, Gilberto
Batista, está impossibilitado de assumir na data de hoje. Deve assumir o
segundo suplente do PSDB, Nede Soares.
(Obs.: Foi apregoado
Requerimento de licença do Ver. Cláudio Sebenelo e dada posse ao Suplente,
conforme consta da Ata.)
Declarado empossado o Ver.
Nede Soares, V. Exa. tem, se assim o desejar,
cinco minutos para que se pronuncie a esta Casa.
O SR. NEDE
SOARES: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, colegas de partido, Líder e assessores da
Bancada do PSDB, eu não tenho o dom da palavra, mas, dentro da minha
simplicidade, gostaria de dizer alguma coisa sobre por que estou aqui, até
porque as palavras comovem, mas o exemplo e o trabalho é que dignificam,
enaltecem e transformam as multidões. Para mim, hoje é um motivo de satisfação,
até porque, devido a minha origem, já que nos encontramos na Semana do Soldado,
foi um bom presente assumir a Câmara Municipal de Porto Alegre.
Eu tenho uma dívida muito
grande para com o povo porto-alegrense. Oriundo do interior, cheguei aqui em
1970 com duas mudas de roupas e cinco maçãs. Cheguei na rodoviária, mas meu
destino era ir até o norte da Amazônia, já que, filho de agricultor, 11 irmãos
e dentro daquela filosofia de que os pobres são pobres porque têm muitos
filhos, com a falta do meu pai, automaticamente todas as terras foram divididas
e teríamos que vender. E como, na época, seria desbravada a Amazônia, meu
objetivo era ir à Amazônia. Cheguei em Porto Alegre e fui bem
acolhido. O meu primeiro prato de comida foi no quartel, onde me apresentei
como voluntário para desbravar a Amazônia. Como havia um militar que era muito
colorado, fiz um teste físico. Fui considerado excelente, e ele disse: “Você
não vai para a Amazônia; você vai ficar aqui e será atleta do Internacional”. E
fui fazer atletismo no Sport Club Internacional, embora sendo gremista.
Hoje, estou feliz porque cheguei até esta Câmara com o voto do
povo de Porto Alegre, porém sou suplente, sou aposentado e faço um trabalho
comunitário na Zona Sul, onde adotei uma praça, criei uma associação, da qual
temos seis delegados no Orçamento Participativo e um conselheiro. Sou delegado
no Orçamento na parte da saúde e assistência social, e estamos trabalhando
muito e fazendo de tudo pela comunidade. Gostaria de estar mais feliz aqui se
não estivesse sofrendo tanto junto com a população em virtude do que ocorreu na
Câmara da qual atualmente faço parte, que foi a aprovação do projeto do aumento
do transporte coletivo de Porto Alegre. Numa época em que a inflação acumulada
de 1997 atinge 4,23%, um aumento de 18% nas passagens, no meu ponto de vista e
também daquelas pessoas com as quais convivo, foi um absurdo. Digamos que um
trabalhador se dirija ao Centro diariamente. Ele gasta por dia duas passagens.
O aumento de 10 centavos empiricamente não representa nada, mas para quem
trabalha, para quem é pobre representa um pãozinho e, automaticamente, ele
perde dois pãezinhos por dia, que poderia comprar para alimentar a sua família.
Então, sinto-me entristecido por esta Casa ter aprovado esse aumento que, do
ponto de vista não só meu, mas da população de Porto Alegre, foi um absurdo.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estávamos analisando esse projeto de
integração dos Municípios da Grande Porto Alegre para a questão do lixo.
Realmente, Porto Alegre precisa de uma integração entre os Municípios que
compõem a Região Metropolitana para que se possam buscar soluções mais
duradouras em relação à questão do lixo.
V. Exas. devem ter recebido
a cópia da circular que o DMLU mandou para as empresas que fazem o transporte
de resíduos nas caçambas estacionárias e puderam verificar os valores - que
devem ter lhes surpreendido bastante, Ver. João Dib - de 14 a 94 UFMs, que serão cobrados por caçamba transportada, a
ser depositada nos lixões de Porto Alegre. Imaginem que a caçamba menor vai
custar 14 reais, e a mais elevada, 85
reais por caçamba a ser colocada no lixão. É uma coisa impressionante. Então,
eu, vendo que os funcionários da Câmara faziam a sua manifestação reivindicando
reposições salariais que lhes são de direito...
O SR. JUAREZ
PINHEIRO (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, por mais que eu respeite o nobre Ver. Jocelin Azambuja, parece-me que, por um equívoco, ele foge da
Pauta. Eu gostaria que V. Exa. se manifestasse sobre se o Vereador está discutindo
assunto de Pauta ou outro assunto, ou se está em Liderança pelo PTB.
O SR.
PRESIDENTE:
Por gentileza, Ver. Jocelin, é assunto de Pauta ou não?
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA: Sr. Presidente, estou falando a respeito de
um assunto de Pauta, mas talvez o Ver. Juarez Pinheiro não tenha compreendido a
minha argumentação. Mas estou tentando mostrar, Ver. Juarez Pinheiro, que este
lixo sobre o qual está sendo buscado um convênio entre os Municípios que
compõem a Região Metropolitana não pode ser também colocado no mesmo nível do
que está se fazendo em Porto Alegre. Imaginem se vão fazer uma integração e o
Município de Porto Alegre vai cobrar mais caro ainda do que está cobrando hoje
pelas caçambas para transportar lixo na Grande Porto Alegre! Imaginem se
fizerem um aterro que não seja dentro de Porto Alegre! E esta é a minha
preocupação neste convênio, pois se aqui, na Cidade, as caçambas estão pagando
de 13 a 85 reais, pensem quanto será se o lixo ficar lá em São Leopoldo ou em
Canoas! Vai ser uma verdadeira loucura.
O Sr. João
Dib: V.
Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) As caçambas ajudam a
limpar a Cidade, tanto os passeios quanto as calhas; deveriam ser bem tratadas.
Isso é um mau trato.
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA: É, esta está sendo a minha preocupação, Ver.
João Dib, e temos que nos atentar para esse detalhe porque este convênio, que
consta no Projeto de Lei 035/97 do Governo Municipal, não nos esclarece como
vai ficar essa questão. Também nesta integração de lixo está-se buscando uma
integração de mais recursos financeiros para o DMLU às custas do contribuinte?
Então, essa voracidade fiscal de implementar taxas assusta. Nós temos um
excelente serviço. Porto Alegre está mais limpa. Isso não é só fruto do
trabalho das pessoas que limpam as ruas, mas também deste serviço que é feito
através do recolhimento de lixo dessas caçambas estacionárias, como V. Exa.
muito bem lembrou agora de não haver entupimentos de calhas e da rede pluvial.
Tudo isso tem ajudado a saúde pública em Porto Alegre. Essas empresas têm que
ser incentivadas.
Nós temos que estar atentos
ao convênio para ver se não vão criar uma taxa para todos os Municípios da
Grande Porto Alegre recolherem lixo. Outra questão é fazermos com que esse
serviço seja apurado, mas o Município tem que fiscalizar as caçambas que estão
funcionando em Porto Alegre irregularmente, com o aval da Prefeitura, sem
nenhuma identificação - eu mostrei as fotos -, e ainda estão colocadas em
locais perigosos, podendo provocar acidentes lamentáveis. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: O
Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ADELI
SELL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, Senhoras e Senhores, em Pauta, mais uma vez, a
questão do lixo de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Cada cidadão da população da nossa Capital produz, em média,
800g de lixo por dia. Nós temos, hoje, dificuldades em encontrar locais para o
depósito desse lixo. A Administração Popular inaugurou, nesta Capital, de uma
forma ousada, a coleta seletiva do lixo em, praticamente, todos os bairros.
Mas, a bem da verdade, nós reconhecemos, o Departamento Municipal de Limpeza
Urbana reconhece que o recolhimento ainda é tímido, em parte porque nós ainda
não conseguimos convencer o conjunto da população a fazer a coleta seletiva de
lixo de forma adequada.
Os Senhores e as Senhoras hão de concordar comigo, porque, nesta
Casa, só bem recentemente é que se faz a coleta seletiva do lixo. Se houvesse
compreensão do conjunto da população, os problemas seriam menores. Nós
derrubaríamos menos árvores, teríamos menos desgaste da natureza, porque
teríamos uma reciclagem muito maior. Assim, até o final do ano, nós teremos
que, inevitavelmente, mudar o depósito de lixo na Zona Norte, e está sendo
trabalhado, técnica e profissionalmente, o aterro sanitário da Extrema, no
Lami. E agora o Poder Público Municipal nos propõe, por um convênio com a
Metroplan, ABES - Seção Rio Grande do
Sul e vários Municípios da Região Metropolitana, um aterro para os resíduos
sólidos, gerados nesses Municípios conveniados, no Município de Gravataí.
Acredito que é de
fundamental importância que aprovemos esse Projeto, pois dessa maneira
estaremos nos antecipando aos problemas que virão muito em breve, porque os
limites de depósito do aterro sanitário da Extrema são pequenos e muito em
breve não teremos mais condições de colocar lá o lixo da nossa Capital. Portanto, antecipando-nos ao problema -
porque Municípios como Esteio já não têm lugar onde depositar seu lixo -, nós
agora, de forma participativa com os Municípios da Região Metropolitana,
estamos achando uma solução no Município de Gravataí. Assim teremos condições
de resolver esse grave problema.
Esse debate é muito
importante aqui porque talvez, dessa maneira,
ao debatermos esse Projeto nesta Casa, possamos atingir a boa vontade
dos meios de comunicação para que divulguem, além do que vamos aprovar aqui,
também o que está por trás desse problema, que é o destino final do lixo. Dessa
maneira, talvez, os meios de comunicação possam dar publicidade ao trabalho que
já está sendo realizado e sobre o trabalho que terá que ser realizado em cada
família, em cada lar, em cada escritório, em cada instituição para que haja a
separação do lixo, porque, dessa maneira, nós estaremos gerando menos problemas
do que temos hoje para a colocação dos resíduos sólidos do lixo da nossa
Cidade.
Portanto, registro aqui,
nesta discussão de Pauta, esse Projeto de Lei que acredito ser fundamental para
o destino de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Nós estamos todos
empenhados na preservação do meio ambiente. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. JOÃO DIB
(Questão de Ordem): Somente para obter uma informação, Presidente: a lei determina que os
cálculos tarifários das passagens de ônibus sejam encaminhados à Câmara 48
horas depois de aplicados. A Câmara recebeu os cálculos?
O SR.
PRESIDENTE:
Nós vamos buscar essa informação, Vereador.
O Ver. Renato Guimarães está
com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. RENATO
GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, gostaria que a Assembléia Legislativa e o
Congresso Nacional tivessem parlamentares da competência do Ver. João Dib, que
olhassem a Constituição Estadual e a Federal e cobrassem do Executivo o
cumprimento das leis. Infelizmente, estamos devendo nesses espaços.
Gostaria de comentar a Pauta
dizendo que discordo do meu colega de bancada quanto ao que ele disse sobre o
Projeto do Ver. Luiz Braz que altera a Lei Complementar nº 320, tentando
regulamentar a Lei Orgânica do Município no art. 99. Discordo, porque o art.
99, no meu entendimento, é mais amplo no que diz respeito a como deve ser a
consulta à população em caso de troca de nome de logradouro. O conteúdo do art.
99 diz: “É assegurado, no âmbito municipal, o recurso de consultas
referendárias ou plebiscitárias sobre atos, autorizações ou concessões do Poder
Executivo e sobre lei ou parte de lei, projeto de lei ou parte de projeto de
lei, cabendo a iniciativa ao Prefeito,
a 2/3 dos Vereadores da Câmara Municipal ou a 5% do eleitorado do Município”.
A lei do Ver. Luiz Braz diz
que esse plebiscito poderia ser solicitado por um Vereador. Na realidade, em
vez de ampliar, como é o caso do art. 99 da Lei Orgânica do Município, a
proposição do Ver. Luiz Braz restringe.
Gostaria também de comentar
a iniciativa da Mesa que propõe a Resolução que institui o auxílio-creche aos
nossos funcionários. Gostaria de parabenizar esta Casa. Isso é uma conquista da
Constituição brasileira, uma conquista da Lei Orgânica de Assistência Social,
de que funcionários de empresas públicas e privadas tenham esse auxílio. E a
Mesa da Casa está tendo, no meu ponto de vista, uma nobre iniciativa nesta
proposta.
Quero comentar o convênio do
aterro sanitário, dizendo que a preocupação de Porto Alegre em propor o aterro
sanitário Santa Tecla não é só com a Cidade, mas com a qualidade de vida, com o
meio ambiente da Região Metropolitana. Acho que esta Casa deve ter todo o
apreço em analisar esta matéria.
Conforme o que o Ver. Adeli
Sell colocou, a questão da coleta seletiva não é só uma questão de educação
ambiental, uma questão de qualidade de vida. Hoje, a coleta seletiva, em Porto
Alegre, é geração de renda. Hoje, uma quantidade muito grande de famílias vivem
da coleta seletiva. Temos em torno de dez galpões de separação desse lixo. Em
média, são mil famílias que tiram desse trabalho a renda que as sustenta. Penso
que devemos nos agregar, fazer amplas campanhas para ampliar a coleta seletiva
em Porto Alegre, porque, além de estarmos cuidando do nosso meio ambiente,
estamos ajudando as famílias a terem o seu sustento. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Encerrada
a Pauta. O Ver. Fernando Záchia está
com a palavra em tempo de Liderança.
O SR. FERNANDO
ZÁCHIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, ouvia o nobre Ver. Carlos Nedel, que falava sobre
um problema antigo há muito debatido nesta Casa, que é a tarifa do transporte
coletivo. E, após o último aumento, em que a passagem passou a custar 65
centavos, o Ver. Gerson Almeida
comentou que a tarifa de Porto Alegre
era a 13ª em valor, comparada com as principais capitais brasileiras. E, ao
conversar com aquele Vereador, disse-lhe que tinha dados oficiais que deveriam
ser trazidos a público, onde constava que a tarifa mais cara do Brasil era a de
Brasília com um real e 25 centavos - coincidentemente também administrada pelo
PT -, depois São Paulo, Boa Vista, Fortaleza, Manaus, Macapá e aí Porto Alegre.
Quando esta Casa discutia o
Substitutivo dos Vereadores Elói Guimarães e José Valdir, grande parte dos
Vereadores, principalmente do bloco de oposição, acrescido de alguns,
posicionavam-se contrários a esse Substitutivo. E a lei que até então vigorava
dizíamos que era mais justa para o usuário. Se desde a implantação do Plano
Real tivéssemos usado a mesma metodologia da lei anterior, que era a correção
pela inflação, essa tarifa hoje estaria em 56 centavos. Através deste novo
Substitutivo, em que se cria essa planilha, já temos hoje uma diferença de 0,09
para um número de um milhão de usuários/dia; temos valores extremamente
importantes. Desde a implantação do Plano Real, a cesta básica aumentou em
28.5%; o IGPM aumentou em 53%; a tarifa aumentou em 75.6%. Todas aquelas
discussões da qualidade do serviço, da renovação da frota não aconteceram
nestes últimos três anos, no período do Plano Real. E aí vamos dar crédito
também à Administração Popular: ao longo desses dois governos e meio tem que
ser feita essa renovação natural. A qualidade de serviço, até pelo crescimento
natural das grandes cidades, é uma obrigatoriedade do serviço público, que se
tenha uma melhora desse serviço, mas não com o Plano Real, que somente tem três
anos. Nós temos uma defasagem da
inflação de 53% para 75,6%.
A Administração Popular, que
administra pensando na população, principalmente na classe trabalhadora, parece
que não age. O seu discurso na prática é diferente do seu discurso
convencional. Sabemos que quem paga a tarifa hoje não é quase que o
trabalhador. Com a criação do vale-transporte foi transferido o ônus para os
empresários. Então, basicamente, não há esse desconforto diário no bolso do
trabalhador, só um respingo no final do mês no recebimento do seu contracheque.
Por isso fica fácil a manipulação desses dados, a manipulação dessa tarifa que
está atendendo interesses bem claros, contrários à população - 65 centavos uma
tarifa de transporte urbano em Porto Alegre! Isso é um roubo, numa inflação de
53%, aumentar a tarifa em 75,6%, com todo o respeito dos componentes da
planilha! A planilha anterior dizia que o “pró labore” dos diretores tinha, no
máximo, 10% da parte administrativa; nesta nova, aprovada há um mês atrás, o
“pró labore” dos diretores entrou para os diretores na confecção da planilha,
sendo cinco vezes mais que o salário dos motoristas. Isso não é justo e não é
correto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com
a palavra, o Ver. Jocelin Azambuja em tempo de Liderança pelo PTB.
O SR. JOCELIN
AZAMBUJA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, dois assuntos me trazem à tribuna nesta
oportunidade.
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que nós protocolamos um
projeto de lei, nesta Casa, que procura corrigir uma falha cometida pelos
construtores dos centros comerciais, “shopping” e também pela municipalidade,
uma vez que as pessoas que trabalham
nesses locais - vamos dar o exemplo dos grandes “shopping” Praia de
Belas e Iguatemi -, os comerciários que lá trabalham não têm onde fazer o seu
momento de descanso.
Vejam os Senhores que as
pessoas que lá trabalham são obrigadas a passar 10 horas dentro dos “shopping”,
em pé, sempre sorridentes, atendendo a todos nós. Não tem banheiros. Em todo o
“shopping” só tem um conjunto de banheiros. Nas lojas não existem banheiros
para os funcionários, não existem áreas para que possam fazer refeições. E nas
praças de alimentação isto é muito caro. Quer dizer: não há condições de
fazerem essas refeições. E não têm onde ficar nos momentos de descanso. São
obrigados a ficarem nas áreas comuns, com o público, para fazerem o descanso.
Ainda ontem falávamos com a
Presidente do Sindicato, Sra. Margarete, que recebia muito bem a nossa
manifestação. Também o Ver. Isaac Ainhorn mostrava a sua preocupação com a
matéria. Enfim, é uma busca que estamos fazendo, que se otimize esta
participação.
Outro assunto que
gostaríamos de fazer um registro, que para nós do PTB é muito importante, é que
no próximo domingo estaremos comemorando a passagem do 43º aniversário do
passamento do ex-Presidente Getúlio Vargas.
E o Partido Trabalhista Brasileiro, através do Diretório Municipal de
Porto Alegre, estará realizando junto à Carta Testamento do Presidente Vargas,
na Praça da Alfândega, no próximo domingo, dia 24, às 18 horas, um ato de
homenagem a Vargas. Junto com outros companheiros trabalhistas, estaremos
fazendo uma homenagem. Deixamos o convite a todos os Vereadores para que
compareçam lá. As dez zonais do Partido estão mobilizadas para que possamos
fazer esse ato que deverá encerrar as manifestações junto à Carta Testamento na
Praça da Alfândega. Nós também estaremos desenvolvendo um ato que vai se
estender, durante a segunda-feira, de filiação partidária, conforme orientação
que se tem recebido em nível nacional e estadual, para que se ampliem as
filiações do PTB, que estará mobilizado nesse sentido.
Esse é um convite que faço
como Presidente Municipal do PTB, para que os trabalhistas, mobilizados,
reverenciem a memória do grande Presidente que, mais do nunca, hoje se analisa
pelos grandes avanços sociais que trouxe à classe que produz, à classe que
trabalha neste País. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Pedro Ruas está com a palavra em Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO
RUAS: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, temos a satisfação, em nome do Partido
Democrático Trabalhista, de saudar a companheira Senadora Emília Fernandes, que
assina hoje, às 15 horas, a ficha de filiação no Partido. É importante fazer
esse registro na medida em que em nosso País é sempre delicada a questão de
mudança de sigla, ainda mais no Rio Grande do Sul. E entendemos que essas
mudanças são válidas e importantes quando são, como no caso da Senadora Emília,
fruto de uma profunda reflexão, de um amadurecimento de posição política e
ideológica e de uma coerência de ações políticas em relação ao discurso
praticado. A Senadora Emília Fernandes - e tenho certeza de que essa é a
posição dos Vereadores Elói Guimarães, Isaac Ainhorn e Nereu D'Ávila - marca
para todos nós um ponto de referência no sentido ético, da elegância política e
do enfrentamento das questões importantes. Para o PDT, é motivo de orgulho
receber a Senadora, ainda mais num momento em que boa parte do PDT, não todo, é
verdade, entende que a união das forças de esquerda, a união dos partidos que
integram o campo popular é indispensável para o enfrentamento com o chamado
“projeto neoliberal” dos Governos Estadual e Federal. Parece-me que nessa luta,
em que não se dispensa a qualidade dos companheiros, a Senadora Emília
Fernandes vem somar, de uma forma quase inigualável, porque o projeto, a
discussão, a unidade que se busca para esse confronto dificílimo não pode
prescindir do talento, da competência e da biografia de uma militante
político-partidária do porte de Emília Fernandes.
É nesse sentido que faço, em
nome do Partido, a saudação ao ingresso da Senadora, na certeza e na convicção
de que ela contribuirá também com a sua parcela, que será grande, para que essa
unidade das forças de esquerda, das forças do campo popular se efetivem
concretamente, e que tenhamos, não só no pleito de 1998, mas bem antes, já a
partir de agora, a unidade de ações concretas, de intervenção no movimento
social que justifique, mais ainda, essa unidade eleitoral de 1998.
Entendemos, e já discutimos
isso em várias instâncias partidárias e também fora do PDT, que a unidade dos
partidos e entidades que lutam a luta do povo deve se dar na prática do
dia-a-dia, na prática da intervenção política, dentro do movimento social e com
reflexo imediato, é claro, no projeto eleitoral de 1998.
Por isso, bem-vinda Senadora Emília Fernandes!
Tenho certeza de que a sua entrada soma no projeto maior de unificação das
forças populares para o enfrentamento do projeto neoliberal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT:
Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, em primeiro lugar, apenas para complementar a
intervenção do companheiro Nede Soares, que assume hoje, pela primeira vez,
pela Bancada do PSDB, a quem eu quero
saudar, aqui, no nosso convívio. A Bancada, a partir de agora, terá a presença
constante do companheiro Nede Soares.
Eu quero chamar a atenção dos Srs. Vereadores que o Ver. Fernando
Záchia, na fala sobre transporte coletivo, como o Ver. Nede Soares, apenas não registrou um dado que eu quero
registrar e quero, ao mesmo tempo, cobrar da Liderança do PT, do Ver. Adeli Sell, que me ouve atentamente
aqui. Se nós retomamos a planilha de cálculo para a tarifa do ônibus, no meu
entendimento retomou-se, também, uma lei que, se não me engano, é de autoria do
Ver. Elói Guimarães, que dá um prazo de 48 horas para que o Município envie as
planilhas de custo para a Casa. E não está sendo cumprida, porque, pelo que
sei, a planilha de cálculo ainda não chegou na Casa.
Então, eu pediria,
inclusive, ao Ver. Paulo Brum, que está na Presidência dos trabalhos, para que
a Mesa Diretora, que é a representação dos Vereadores, atendendo formalmente a
um pedido da Liderança do PSDB, oficiasse ao Sr. Prefeito Municipal, cobrando o
cumprimento da lei. A lei é clara: são 48 horas para o envio do processo de
tarifa para esta Casa, à Comissão de Finanças e Orçamento. Então, a Prefeitura
deve cumprir a lei. Lei se cumpre, não se discute, até porque ela foi aprovada,
está vigendo há muito tempo. Então, eu pediria ao Ver. Paulo Brum que a
Presidência da Casa tomasse esta providência para que a Prefeitura envie,
porque eu também quero olhar a planilha. Da prática que se teve, quando eu e o
Ver. Elói Guimarães desempenhávamos a função de secretário, tenho muita
curiosidade de ver esta questão da planilha.
Eu quero registrar, por
outro lado, o pronunciamento do Ver. Gerson Almeida para comentar aqui a
expressão da Presidência do SINDICÂMARA.
Talvez o Vereador não tenha
lido no “Jornal do Comércio” de hoje que 10% dos fiscais se evadem da tarefa de
fiscalização da Prefeitura para buscarem emprego junto ao Governo Federal, ou
seja, curiosamente, o Governo Federal, de quem se fala tão mal, paga tão mal
que os fiscais do Município preferem
pedir demissão da Prefeitura de Porto Alegre e, depois de concursados e
aprovados, atuarem como fiscais da Receita Federal. Então, não vamos tapar o
sol com a peneira e nem vamos querer dizer que tudo é assim ou tudo é assado.
Podemos discutir a política de salários no setor federal? Claro que podemos.
Agora, mesmo assim, o Governo Federal parece pagar bem melhor algumas
categorias. É claro que alguns segmentos na Prefeitura têm tido um tratamento
bem diferenciado da maioria dos servidores - por exemplo, os Procuradores do
Município - e isso ocorre desde a posse do Prefeito Olívio Dutra. Mas, mesmo
assim, quero deixar registrado aqui esse fato, notícia de hoje do “Jornal do
Comércio”: fiscais da Prefeitura preferem pedir demissão e se tornarem fiscais
do Governo Federal, onde ganham mais.
Quero registrar com satisfação
que, neste domingo, cumprindo a legislação eleitoral e os regimentos internos
de partidos, o PSDB fará convenções municipais em várias de suas zonais, em
mais de 60 Municípios do Interior, fazendo a renovação de suas direções
municipais, zonais e, portanto, iniciando os preparativos para o próximo pleito
eleitoral do ano vindouro. O debate entre os nossos companheiros é a
análise que é natural em todos os
partidos: ou de uma coligação mantendo o atual quadro em relação ao Governo do
Estado e Governo Federal, ou eventualmente, pela primeira vez, o PSDB assumir
integralmente uma candidatura com chapa completa, desde a candidatura à
Presidência da República, ao Governo do Estado, ao Senado, Câmara Federal e
Estadual, marcando sua presença no Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Com a palavra o Ver. Carlos Garcia em Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS
GARCIA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nós vamos abordar um tema que está proporcionando
bastante complexidade à Cidade. É relativo ao alargamento do canteiro da Av.
Ipiranga, mais especificamente no trecho entre a Érico Veríssimo e a Azenha.
Estamos fazendo um Pedido de Informação à Prefeitura Municipal de Porto Alegre
relativo a essa obra de alargamento. Quando foi criado o projeto dessa obra,
levantamento da metragem, custo da obra e o estudo da viabilidade da mesma?
Estamos fazendo essa solicitação, porque está tramitando nesta Casa um projeto
onde propomos algo que já existe, de fato, em nossa Cidade.
Ocorre que na Av. Ipiranga,
no trecho centro-bairro, ao longo dos
12 Km, existe estacionamento nessa avenida. No último sábado, no jornal “Zero
Hora”, saiu uma matéria que diz: “Canteiro da Ipiranga será fechado”. Se vocês
passarem pela Ipiranga, vão verificar que está em andamento uma obra. Qual não
foi a minha surpresa - e por isso estamos pedindo essa informação - ao ver que
a Secretária Municipal de Transportes informou que esse alargamento permitiria
maior vazão e mais uma pista de rolamento! Nós fomos medir. A Ipiranga, hoje,
dos seus nove metros, tem três pistas, cada uma com três metros, e esse
alargamento que está sendo feito é um alargamento de um metro e 70 cm.
Portanto, não haverá a quarta pista de rolamento e, o que é pior, ao final do
alargamento há um poste, em frente às Casas Tigre. Esse poste vai ser retirado?
Não está previsto.
Fui verificar a obra e V.
Exas. vão ganhar as fotos. Ela nem fica um afunilamento. Ou seja; quando falam
“a medida entrega a Ipiranga, acidente zero”, pelo contrário, acho que vai
aumentar o nível de acidentes. O que não conseguimos entender é por que esse
prolongamento foi de um metro e 70, já que não contempla a quarta via, e ao
mesmo tempo faz com que milhares de usuários percam o seu estacionamento. O que
nós queremos, juntamente com os demais Vereadores, é que se discuta, cada vez
mais, a situação em Porto Alegre,
porque os “guard rails” estão todos sendo retirados. Foi, no momento,
alegado que os fios de alta tensão poderiam prejudicar o estacionamento. Volto
a solicitar que os Vereadores verifiquem que os fios de alta tensão,
perpendicularmente, vão incidir sobre a pista de rolamento. É um problema bem
mais sério do que podemos pensar.
Por último, eu gostaria que
alguém do Município explicasse o porquê desse alargamento de um metro e 70 cm,
que não contempla a quarta pista. Tivemos o cuidado de medir, e cada pista de
rolamento, hoje, na Av. Ipiranga, tem três metros. Então, um metro e 70 a mais
não contempla. Fazendo uma extensão um
pouco maior, teria condições de fazer um estacionamento pleno, fazendo com que
os veículos, ao retornarem, em vez de ré, saíssem de frente, mostrando a
viabilidade do projeto. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Respondendo ao Pedido de Informações do Ver. João Dib e do Ver. Antonio
Hohlfeldt, o Prefeito remeteu a esta Casa no dia 18 de agosto; está anexa ao
processo, conforme determina a lei.
Há quórum. Passamos à
ORDEM DO DIA
Apregoamos Requerimento de autoria da Vera. Maria do Rosário e do Ver. Paulo Brum, solicitando a inclusão na Ordem do Dia, por força do art. 81 da Lei Orgânica, do PLCL nº 01/97. Está deferido o Requerimento.
DISCUSSÃO
GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0593/97 - PROJETO DE
LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 002/97, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que
altera a Lei Complementar nº 234, de 10 de outubro de 1990, obrigando os
condomínios a colocarem, à disposição dos condôminos, recipientes para coleta
seletiva de lixo. Com Emenda nº 01.
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. João Motta: pela aprovação do Projeto e da Emenda
nº 01;
- da CEFOR.
Relator Ver. Guilherme Barbosa: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CUTHAB.
Relator Ver. Antônio Losada: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da CECE. Relator
Ver. Antonio Hohlfeldt: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01;
- da COSMAM.
Relator Ver. Renato Guimarães: pela aprovação do Projeto e da Emenda nº 01.
Observação:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, I, da LOM.
O SR.
PRESIDENTE: Em discussão. O Ver. Antônio Losada está com a
palavra para discutir o Projeto.
O SR. ANTÔNIO
LOSADA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, nós apresentamos uma emenda relativa à propaganda
e esclarecimento pelo síndico, junto aos moradores, sobre a importância da
separação do lixo. Se não houver esse trabalho de esclarecimento aos moradores,
a lei em si não terá grande significado.
Nesta semana tivemos um contato
com os Vereadores da Câmara Municipal de Canoas para discutir o aterro
sanitário metropolitano e observar a disposição daqueles Vereadores no sentido
de trabalharem num projeto de um aterro sanitário, na área metropolitana, que
contemple as várias cidades da região. Nós tivemos uma experiência importante
do aterro sanitário das Três Meninas, próximo ao Bairro Restinga. Lá, nós
divulgamos o trabalho junto aos colégios de 1º grau e às creches a fim de que
as crianças compreendessem a importância da separação do lixo e a importância
do aterro sanitário, esse aterro que, além de reaproveitar as áreas arenosas,
através da compactação do lixo com camadas de saibro, com camadas de terra,
fazia com que, tanto o gás metano, como o gás chorume, que é altamente venenoso,
através de uma drenagem, fazia com que ele não descesse para o lençol freático
e fosse, através dessa drenagem, depositado em recipientes que impediam a
descida deste gás para o lençol freático.
Esse trabalho que
desenvolvíamos junto aos colégios da Zona Sul teve, sem dúvida, um significado
muito grande no processo de separação de lixo naquela região. Com isso,
desenvolvemos dois galpões de separação de lixo: um na Restinga e outro na
Cavalhada, o que possibilitava a sustentação de aproximadamente 30 famílias,
com um salário médio mensal de um salário mínimo. Além do trabalho sanitário,
havia o ponto de vista econômico, com a poupança que se fazia de areia, com o
reaproveitamento da reciclagem do papel, do vidro, do plástico, dos metais.
Através desse trabalho, tivemos um avanço muito grande no que diz respeito ao
reaproveitamento do lixo, além do trabalho de conscientização, do trabalho de
educação junto aos colégios.
Por essa razão votamos
favoráveis ao Projeto da Vera. Anamaria Negroni e à nossa Emenda nº 01, que
trata de responsabilizar os síndicos dos condomínios para que façam a
divulgação da separação do lixo nos respectivos condomínios. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE:
Encerrada a discussão. Em votação. Para encaminhar, tem a palavra a Vera.
Anamaria Negroni.
A SRA.
ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente, Sras. e Srs.
Vereadores, o Projeto de minha autoria que trata da instalação de recipientes
próprios para a coleta seletiva do chamado lixo seco nos condomínios de Porto
Alegre tem por objetivo principal atender às reivindicações de pessoas
interessadas em colaborar com a qualidade de vida da nossa Cidade. É fruto de
inúmeros pedidos que recebi, em meu gabinete, de contribuintes que, atentos ao
que determina o DMLU, têm o cuidado de separar o chamado lixo seco do lixo
orgânico e que, depois da seleção, enfrentam um problema comum em todos os
prédios de apartamentos de nossa Capital, ou seja, um local para depositar os
sacos com lixo seco.
No condomínio em que resido,
já separamos, há muito tempo, o lixo inorgânico do lixo orgânico, onde temos
também a passagem do caminhão do DMLU, no Centro da Capital, que faz esse
serviço. Na realidade, no nosso condomínio, temos duas grandes lixeiras que são
separadas para esse fim, isto é, uma que só recolhe - inclusive de cores
diferentes - o lixo orgânico, e a outra que só recolhe o lixo inorgânico.
Inclusive, temos outra separação, que é de jornais, recipientes de vidro e de
plástico, que são recolhidos por carroceiros da Ilha Grande dos Marinheiros,
pois isso é dinheiro para eles.
Nos condomínios da Cidade,
obrigatoriamente, existem recipientes próprios para a colocação de lixo
domiciliar; no entanto, esses reservatórios servem tão-somente para a colocação
do lixo comum. No caso do lixo seco, não existe local próprio para coleta, o
que obriga os moradores a utilizarem o recipiente normal, muitas vezes
misturando o chamado lixo sujo com o lixo limpo. Então, é isso o que ocorre na
maioria dos condomínios hoje, exatamente por não existir uma educação nesse
sentido. Tal procedimento acaba por tornar inócuo todo o trabalho das pessoas
preocupadas com o bem-estar geral. A seleção do lixo perde a sua finalidade
quando todos os tipos de lixo são jogados em um único recipiente. Então, instalar
um novo seletor, além de não provocar
mais despesas para o Município, terá
repercussão muito pequena na economia dos condôminos. Sua utilidade,
entretanto, será fundamental para aquelas pessoas que já desenvolveram uma
consciência ecológica e que, muito em breve, servirão de exemplo para os que,
inconscientemente, ainda não despertaram para a importância de cumprir uma
legislação fundamental, que para alguns seria a sobrevivência, inclusive a
sobrevivência do nosso planeta.
Por todos os motivos aqui
mencionados, solicito aos meus nobres Pares a aprovação do presente Projeto,
que considero de grande importância para a nossa comunidade. Solicito também
que aprovem a Emenda e a Subemenda aqui apresentadas pelos ilustres Vereadores,
pois se trata de emendas que irão complementar o nosso Projeto. Muito grata.
(Não revisto pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa se penitencia perante os Srs. Vereadores por estar de posse das Emendas e não as ter
apregoado. A Vereadora, conhecedora das Emendas, já se referiu a elas.
Por um dever de ofício
regimental, pedimos que seja registrada a Emenda nº 02, de autoria do Ver.
Gerson Almeida, que trata dos valores da multa em UFIRs, e a Subemenda nº 01 à
Emenda nº 01, que também trata dos valores da UFIR. O mesmo Vereador assina o Requerimento pedindo dispensa do envio
das Emendas e Subemendas para a relatoria.
Em votação o Requerimento do
Ver. Gerson Almeida. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO por
unanimidade.
O Ver. Renato Guimarães está
com a palavra para encaminhar o PLCL 02/97.
O SR. RENATO
GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, gostaria
de, inicialmente, encaminhando a favor da matéria, registrar, em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, que a nossa bancada, quando vota a favor
ou vota contra um projeto de lei, o faz a partir do mérito desse projeto.
No nosso entendimento, o
mérito desse Projeto tem louvor. É isso que queremos registrar para certos
companheiros da bancada de oposição que dizem que a bancada governista
simplesmente vota contra tudo o que vem da oposição. Não é este o caso.
Gostaria também de dizer que a Vera. Anamaria Negroni apresenta este Projeto,
que vem a calhar, neste momento, pois a coleta seletiva em Porto Alegre precisa
ser ampliada.
A Emenda do Ver. Antônio
Losada trabalha com a questão do processo educativo, e nós sabemos que não é só
com lei que vamos ampliar a coleta seletiva; há a necessidade, sim, de educar,
de trabalhar o povo para que compreenda a importância de separar o lixo.
Quero colocar também que a
nobre Vera. Anamaria Negroni, na proposição inicial, se esqueceu de que a Lei
Complementar 244, além de trabalhar com a implantação da coleta, trabalha a
multa. Então, as Emendas que o Partido dos Trabalhadores faz são para garantir
o texto original da lei e, portanto,
ampliando a leitura da proposição da
Vera. Anamaria Negroni. Quero dizer que, com certeza absoluta, a coleta seletiva
precisa ser ampliada porque, por exemplo,
no bairro em que moro, a coleta existe desde o Governo Olívio Dutra e
funciona muito bem, mas em outros bairros ela existe, mas não funciona
unicamente por uma questão de educação. É importante entendermos a importância
de separar o nosso lixo dentro de casa e aqui nos gabinetes da Câmara de
Vereadores.
A intenção da Vereadora é positiva, mas Porto Alegre tem que ir
além de intenções nas leis; tem que ter intenções na consciência. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLCL 02/97. (Após a chamada.) APROVADO por 26 votos SIM.
Em votação a Emenda nº 01.
Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação a Subemenda nº 01
à Emenda 01. Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação a Emenda nº 02.
Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
PROC. 0648/97 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N° 021/97, de autoria da Vera. Anamaria Negroni, que autoriza a construção de
crematórios para incineração de cadáveres de animais e dá outras providências.
Pareceres
- da
CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro:
pela rejeição do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Pedro Ruas: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto;
- da CEDECONDH. Relator Ver. Hélio Corbellini: pela aprovação do
Projeto;
- da COSMAM. Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do Projeto.
O SR. PRESIDENTE: Há um Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando o adiamento
da discussão do PLL 21/97 por três Sessões.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
PROC. 0794/97 - PROJETO DE
LEI DO LEGISLATIVO Nº 027/97, de autoria
da Vera. Anamaria Negroni, que altera dispositivo da Lei nº 3790, de 05 de
setembro de 1973, e dá outras providências (cor dos táxis).
Pareceres
- da CCJ. Relator Ver. Cyro Martini: pela aprovação do Projeto;
-da CEFOR. Relator Ver. Guilherme
Barbosa: pela rejeição do Projeto;
-da CUTHAB.
Relator Ver. Lauro Hagemann: pela rejeição do Projeto.
Observações:
- adiada a discussão por
duas Sessões.
O SR. PRESIDENTE: Há um Requerimento do Ver. Antonio Hohlfeldt, solicitando o adiamento
da discussão do PLL 27/97 por três Sessões.
Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.
Passamos ao período de
Requerimentos. Passarei a Presidência dos trabalhos ao 2o
Vice-Presidente, Ver. Reginaldo Pujol, tendo em vista que fui chamado a uma
reunião que se faz necessária, neste momento, no Setor de Obras da Casa.
O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Solicito ao Sr. 1º Secretário que apregoe o
primeiro Requerimento a ser votado nesta manhã.
O SR. 1º SECRETÁRIO: Requerimento 170/97, de autoria da Vera. Anamaria
Negroni, solicitando Moção de Repúdio à propaganda político-partidária do
Partido dos Trabalhadores, que utiliza voz e desenhos infantis para instigar a
população contra o Poder Executivo Federal.
O SR. PRESIDENTE: Em votação. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há momentos nesta Câmara de
Vereadores que deixam, provavelmente, os assistentes desta plenária pasmos
diante de determinadas proposições, determinados pronunciamentos. Há momentos
em que parece que todos os problemas da humanidade, para não dizer os grandes
problemas da Nação brasileira, são de responsabilidade do Partido dos
Trabalhadores. Nós queremos discutir posições políticas, queremos discutir
comportamentos, porque nós temos uma história. São 17 anos de luta de
construção de um ideal político contra a legislação em vigor.
No ano de 1980, nós criamos
o Partido dos Trabalhadores afrontando a ditadura militar. Nós fomos para as
ruas reivindicar direitos, porque as pessoas não tinham cidadania. A cidadania
foi construída porque havia uma vanguarda neste País, e essa vanguarda se
chamava Movimento Sindical Combativo - comissões de fábricas, associações de
bairros, movimento de base da Igreja, que juntos consubstanciaram a idéia do
Partido dos Trabalhadores. Nós lutamos contra a repressão, contra o cerceamento
da liberdade. Nós enfrentamos diuturnamente a censura à imprensa. Agora, a
Vera. Anamaria Negroni propõe uma Moção de Repúdio pela propaganda
político-partidária veiculada pelo Partido dos Trabalhadores, que utiliza voz
de criança e desenhos infantis numa tentativa de convencimento da população
contra o Governo Federal.
O Partido dos Trabalhadores não pode fazer a sua
propaganda, não pode se utilizar de mecanismos que qualquer pessoa, coisa que
qualquer propaganda se utiliza neste País? Quero perguntar qual é o artigo do
Estatuto da Criança e da Adolescência que está sendo infringido pelo Partido
dos Trabalhadores nessa propaganda. Quero saber qual é o capítulo, o artigo da
Constituição Federal e Estadual e da Lei Orgânica Municipal que o Partido dos
Trabalhadores está infringindo. Quero saber desta Casa onde estamos
transgredindo. Ou será que isso daqui não é mais um simples artifício de
disputa político-partidária com o Partido dos Trabalhadores? Hoje, nesta Casa,
o Partido dos Trabalhadores foi atacado várias vezes, mas, infelizmente, temos
um Regimento em que 13 Vereadores só se
utilizam uma vez do tempo de Liderança, e é tão injusto, que um Vereador desta
Casa utiliza, a cada sessão, uma vez a Liderança da sua bancada - caso
contrário, teríamos feito um embate político em relação às críticas feitas ao
Sr. Prefeito Municipal, porque não teria mandado o que devia ser mandado,
segundo a lei do Ver. Elói Guimarães, acerca do aumento das passagens. Correto
fez o Ver. João Dib, que perguntou se havia
recebido; e a Casa recebeu.
Portanto, peço aos Srs.
Vereadores que façamos um debate em cima da realidade, em cima da lei, em cima
daquilo que é infração ou não. Por isso quero chamar os Srs. Vereadores a sua
consciência para que rejeitemos de pronto esse Requerimento porque ele não
condiz com o debate desta Casa e não temos culpa em cartório. Portanto,
queremos rejeitar esse Requerimento. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, a Sra. Anamaria Negroni para encaminhar.
A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, encaminho essa Moção de Repúdio ao Partido dos
Trabalhadores pela propaganda político-partidária veiculada no mês de julho
último, que nos deixou, na realidade, indignados. Porque o Partido dos
Trabalhadores, que se diz tão preocupado, como, inclusive, também nós, do PSDB
- também o nosso Presidente Fernando Henrique Cardoso luta contra a exploração
do trabalho infantil... Nós temos, nesta Casa, Vereadores que também têm
discursado nesse sentido, têm feito eventos, foros nesse sentido e, no entanto,
nos deparamos, numa noite, quando chegamos em casa, ligamos a televisão, com
essa propaganda. A propaganda, na realidade, merece nota 10 - isto é, a agência
- pela maneira como conseguiu levar a proposta do PT, uma mentira, culpando o
Fernando Henrique de todos os problemas que acontecem no Brasil. Aquela propaganda o culpa por todo o
problema de sarampo que tem no Brasil, todas as mortes por hemodiálise, etc. Se
levarmos em conta isso, devemos dizer que todas as mortes que possam ocorrer no
nosso Pronto Socorro Municipal são por culpa do nosso Prefeito Raul Pont. Essa
propaganda nos deixou indignados.
Disse aqui o nobre Ver. Adeli Sell, por quem tenho muita simpatia,
que o PT não pode fazer a sua
propaganda. Claro que pode fazer a sua propaganda político-partidária, mas não
em cima da inocência de uma criança. É feita uma lavagem cerebral em cima das
crianças. O PT pode usar a propaganda que quiser, mas não usando desenhos
infantis, a voz de uma criança, uma voz encantadora, que para aqueles
menos informados, aquelas pessoas que
vivem lá nas vilas, pessoas mais humildes, é lógico que ouvem aquela
propaganda, dizendo: “meu pai perdeu o emprego, meu pai isso, meu pai aquilo”.
Esse tipo de propaganda é enganosa, nojenta, é realmente digna da maior
indignação, merecendo o nosso total repúdio. É por isso que propusemos a
presente Moção.
Solicito aos Srs. Vereadores
que pensem a respeito desta Moção e votem favoravelmente a esse nosso pedido,
pois estarão fazendo um protesto, sem dúvida nenhuma, a esse tipo de
exploração, subestimando a inteligência das pessoas, usando de lavagem cerebral
naqueles que são mais desprovidos de cultura. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz, com a palavra, para encaminhar.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero aproveitar esse espaço para
fazer uma saudação ao Presidente do PTB lá no Chuí e dizer que V. Exa. sempre é
bem-vindo a esta Casa. Falo em nome da Mesa já que a mesma sempre soube receber
muito bem todas as pessoas que são vinculadas aos diversos partidos,
principalmente aqueles que têm representação nesta Casa. Sinta-se à vontade.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa transforma essa saudação como de toda a Casa aos ilustres
líderes políticos dessa gloriosa Cidade do extremo meridional da Pátria.
Sintam-se em casa.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Adeli Sell foi para a tribuna
e da tribuna ele fez aquilo que estamos acostumados a ouvir de todos os líderes
do PT - que o PT é um partido com história, que o PT é um partido que se
contrapôs ao processo revolucionário, à ditadura. E eles colocam todas essas
palavras com tanta maestria, que parece que os outros partidos não tiveram
nenhum tipo de atuação em todo esse processo. Quero lembrar ao Ver. Adeli Sell,
que é um grande conhecedor da história, que todos nós estávamos agrupados
dentro de uma sigla chamada MDB e que essa sigla, MDB, logo após deu vazão à
construção de tantos outros partidos ou reaparecimento de outros, como é o caso
do próprio PTB. Então, Ver. Adeli Sell, o combate à ditadura, o combate ao
regime de exceção, a tudo aquilo que acontecia em nosso País e que nós também
não gostávamos, é um combate que não é apenas uma exclusividade petista. Este é
um combate que se deve, na verdade, a todas aquelas forças que não estavam de
acordo com os acontecimentos originados em 64. Realmente, eu não posso aceitar
a sua fala e a fala de outros líderes do PT, quando colocam o PT como o único
partido que tem história ou o PT como aquele partido que é calcado em cima de
princípios morais e os outros parecem que não. Então, nós, pelo menos do PTB,
rejeitamos este tipo de encaminhamento que é dado, não apenas hoje, por V.
Exa., mas como outras lideranças que nós temos ouvido em outros dias, aqui,
nesta Casa.
Com relação à Moção
propriamente dita, eu quero dizer que eu não fiz consulta a todos os membros da
minha bancada, mas eu acredito que a Moção de Repúdio é um instrumento
extremamente forte para ser utilizado aqui, nesta Casa, e eu sou favorável a
que esse instrumento forte seja utilizado, realmente, nos momentos mais
delicados que nós tivermos com relação aos pontos que são atacados pela
Administração ou por partidos ou por setores da nossa sociedade. Eu sou um
homem que veio do rádio. Sou envolvido com propaganda e não acredito que esta
participação da criança, pelo menos não me parece, em princípio, que a
participação da criança na propaganda que, de uma forma ou de outra, atacava
este ou aquele governo, este ou aquele administrador do nosso País, que
estivesse aquela participação, na verdade, ferindo algum tipo de princípio que
merecesse repúdio. É claro que é uma estratégia que foi utilizada pelo Partido
dos Trabalhadores, mas esta é uma estratégia que poderia ser utilizada por
qualquer dos partidos para fazer a sua ação chegar onde o partido queria fazer
chegar, para isso utilizando uma criança, um velho ou uma mulher.
Lembro que o Partido dos
Trabalhadores foi criticado, e eu mesmo o critiquei, quando, no começo do ano,
ele colocava a Dona Geni Machado na figura de uma usuária que apareceu várias
vezes na televisão, e aquilo, sim, ludibriou a opinião pública, porque as
pessoas pensavam que aquela senhora que aparecia na televisão era exatamente a
Dona Geni Machado, mas não, ela estava interpretando uma figura que era
realmente da verdadeira Geni Machado - e aquilo, sim, ludibriava a opinião
pública. Agora, com relação à voz da criança que é utilizada nessa propaganda,
acredito que, muito embora possamos não estar de acordo com as palavras que
foram utilizadas, com o texto que foi utilizado, não podemos repudiar uma
estratégia que é absolutamente lícita, que acredito estar dentro de um contexto
legal, moral e que faz parte de uma luta ideológica entre partidos, e não
podemos simplesmente vir aqui e aprovar o repúdio. Nós estamos, na verdade, nos
abstendo nesta votação. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para encaminhar pelo PMDB.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu sou da geração
que tinha possibilidade de pouca participação na política. Muitas vezes
queríamos discutir, ouvir e falar de política e tínhamos dificuldade devido ao
regime autoritário que vivíamos na época. Quando a nobre Vera. Anamaria Negroni
mostra preocupação com a participação
de crianças em propagandas políticas, eu tento compreender os motivos que
fizeram com que a Vereadora tivesse essa preocupação na medida em que a
participação dessas crianças pudesse ser ou não verdadeira. Isso me parece um
fato, mas o enfoque da Moção é contrária à participação da criança numa
propaganda político-partidária. Ora, Vera. Anamaria Negroni, eu queria que
todos os partidos pudessem ter, nas suas discussões internas, a possibilidade
de que as crianças pudessem participar. O estímulo da criança em fazer
política, em discutir política, em ouvir política, não tenho a menor dúvida,
garante um crescimento político-cultural da Nação. Se através do Partido dos Trabalhadores
foi dado esse espaço público para que essa manifestação pudesse ser realizada,
isso me parece que é extremamente construtivo.
Quanto ao uso da imagem das
crianças em determinados programas de televisão, em determinadas participações
públicas, sempre vai haver, Vera. Anamaria Negroni, a minha total solidariedade
em qualquer iniciativa que V. Exa. tiver em relação a isso. Muitas vezes, a
imagem dessas crianças é usada de uma maneira extremamente errada, extremamente
nefasta, e passa por nós despercebidamente, sem uma discussão mais profunda.
Agora, quando utilizamos essa imagem de uma maneira, no meu entendimento,
salutar, que essas crianças estejam fazendo política, participando de um
processo político, essa atitude vai ter sempre, por parte deste Vereador, todo
o apoio e o incentivo. Entendo que é uma maneira de nós fazermos com que essa
juventude possa adquirir uma cultura política que a minha geração, talvez, não
tenha tido. Na minha geração, algumas pessoas, através de uma luta individual
muito grande, pouco estimulada pela sociedade, tiveram destaque. Mas nós, hoje,
que estamos vivendo um outro momento,
temos que fazer com que essas crianças e as gerações futuras possam ter
espaços para discutir política a fim de que não tenham os problemas que a minha
geração teve. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra
para encaminhar pelo PSDB.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu preferia falar
agora menos pela Liderança do PSDB e mais como profissional da área de
comunicação, que sou; eu preferia falar menos pela Liderança do PSDB e mais
como alguém que, ao longo de mais de 20 anos, vem se dedicando a escrever para
crianças e trabalhar com crianças. Eu quero falar, sobretudo, em primeiro
lugar, da minha estranheza em ver que o mesmo Conselho de Crianças e
Adolescentes, que em nível de Município, Estado e País luta pela defesa das
crianças, tenha absolutamente silenciado e se omitido em relação à propaganda
do PT. Eu estranho, sobretudo, a utilização de desenhos infantis, que são, do
ponto de vista pedagógico, expressão infantil; estranho que tenham sido
apropriados, roubados, surrupiados - não há outros termos para dizer, Ver.
Adeli Sell - através da voz infantil, atribuindo-se uma relação de causa e
efeito entre a trilha sonora da propaganda e a imagem veiculada que, em
absoluto, não existe no original. Isso
é antiético! Isso é crime, sim, contra a criança! Eu não discuto nem o
conteúdo. Poderia até estar falando bem do Brasil ou de qualquer outra coisa,
mas a vinculação entre uma imagem acústica e a imagem sonora que no original
não são vinculadas é falsa propaganda. Isso é contra as regras do CONAR! Isso
fere os regulamentos das leis em torno de crianças e adolescentes.
A Câmara de Caxias do Sul
fez essa discussão, e lá a discussão foi bem mais politizada e bem mais
interessante. Em São Paulo se fez essa discussão. Na própria Câmara Federal
essa discussão foi levantada. Mais do que discutir se o PT fez certo ou errado,
a minha preocupação maior aqui é que há apropriação de imagens que não são
reais, e isso é praticado pela segunda vez pelo PT na sua propaganda oficial. Na outra vez foi a
Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Mencionou-se uma pessoa que de fato
existe. Não se usou a voz dessa pessoa. Mas ela é maior de idade e, se foi
conivente porque é filiada ou simpatizante do partido, é um problema dela,
embora, pessoalmente, eu ache que o CONAR deveria ter tomado providência. Mas,
se ninguém provocou o CONAR, sabemos que ele prefere ficar placidamente
sentado. Agora, neste caso, utilizaram-se imagens de pessoas que não têm
defesa. As crianças não têm defesa. Elas são representadas por seus pais e, se
eles foram omissos ou coniventes, também são responsáveis. Eu não estou mais
falando só de partido político, eu não estou mais falando, apenas, de uma
questão de disputas políticas, eventuais, entre PT, PSDB ou quaisquer outros
partidos. Eu estou falando de uma questão de legislação e respeito às crianças.
Isso é tão criminoso quanto é criminoso aquilo que se discutiu um dia desses,
nesta Casa - aliás, no meu entendimento, com absoluta razão -, de se utilizar a
imagem de um jogador de futebol para vender cerveja ou cigarro ou para vender
qualquer coisa que é prejudicial à saúde.
O fundamento básico, e isso
o Ver. Adeli Sell não discutiu, é de que houve uma apropriação indébita de
imagens. Houve uma relação antiética
que se chama uma relação subliminar - aliás, prática típica do imperialismo
norte-americano, que é tão criticado pelo PT.
É isso, Ver. Pedro Ruas, V. Exa. que é da área do Direito, que quero,
aqui, levantar no encaminhamento desta questão e desta Moção. Não é só uma
questão de disputa partidária. É uma questão de legalidade. É uma questão de
nós definirmos se sons, se frases de crianças podem ser indebitamente
aproximadas a imagens que não sabemos se são nem das mesmas crianças ou de
outras. Isso é, realmente, crime, no meu entendimento, de acordo com tudo que
conheço de legislação em torno de criança e adolescente e, sobretudo, de
legislação no campo da publicidade.
Por isso, encaminho, com
absoluta tranqüilidade, a favor da Moção. A Câmara está absolutamente livre
para aprovar ou rechaçar, mas que não se diga que o PSDB silenciou em torno
desta questão. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. GERSON ALMEIDA (Requerimento):
Requeiro, com a anuência do Vereador, as cópias das notas taquigráficas
do seu pronunciamento recentemente feito para minha leitura e avaliação.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): A
Mesa condiciona o seu pedido ao prazo do interstício autorizado para concessão
das notas. Se houver anuência do Ver. Antonio Hohlfeldt, não há nada a opor por parte da Mesa.
O Ver. Pedro Ruas está com a
palavra em nome da Bancada do Partido
Democrático Trabalhista.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o PDT encaminha respeitosamente contra a Moção de autoria da Vera.
Anamaria Negroni. Acha salutar que este debate tenha sido trazido à Câmara
Municipal. Nós temos, na verdade, em relação ao problema do trabalho infantil,
questões extremamente sérias, muito mais relevantes, muito mais importantes do
que esta que foi levantada neste momento em relação ao trabalho infantil, temos
questões do porte da discussão do trabalho escravo neste País. Essa é uma
questão que é importante ser trazida. Acho que deve ser debatida na Câmara, mas
não acho que a Moção deva ser aprovada,
porque passará uma imagem de desconhecimento em relação a problemas
realmente graves e sérios que têm relação com o trabalho das crianças e
adolescentes.
Na verdade, vivemos num País, o nosso Brasil, que tem os
piores níveis de tratamento do trabalho infantil no mundo inteiro, níveis estes
denunciados por organismos internacionais ao longo dos anos, passando pelo
trabalho escravo, e essa denúncia já seria importante. Nisso seria importante
qualquer investigação, moções, trabalhos de denúncias, até mesmo por situações irregulares sob o
ponto de vista formal da legislação existente. Nós temos situações graves no
Brasil que envolvem o trabalho infantil,
sem falar, obviamente, sobre as
questões trágicas que envolvem a prostituição das crianças e adolescentes. Acho
salutar este debate, sem dúvida, sobre a participação de crianças em
propagandas veiculadas na televisão envolvendo ou não partidos políticos. É
importante. Agora, muito mais importante é a discussão geral da exploração do
trabalho infantil.
Sei que a intenção da Vera.
Anamaria Negroni é a melhor possível, o discurso do Ver. Antonio Hohlfeldt tem
em seu conteúdo essa questão da importância da discussão, mas essa Moção, na
verdade, vai mascarar o problema mais sério que temos e passar a imagem de que
a Câmara está preocupada com algo infinitamente menor, infinitamente menos
importante, dentro do conjunto de coisas relacionadas à exploração do trabalho
infantil. Por isso, achando que a discussão é importante, achando que a
argumentação colocada da tribuna por vários Vereadores merece ser lembrada,
novamente encaminhamos contra a Moção.
A exploração do trabalho
infantil, a tragédia que é a vida de crianças e adolescentes neste País não se
traduz na questão apresentada na Moção; pelo contrário, a Moção, em certo
aspecto, atrapalha até mesmo essa análise. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está
com a palavra para encaminhar.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, nesta matéria não posso cometer aquele equívoco
das pessoas que não lêem ou não gostam do que leram. Não vi essa propaganda,
apesar de ter sido informado da sua veiculação. Estou atento às manifestações
que aqui ocorreram e dizia ao Ver. Luiz Braz que, lamentavelmente, esta Casa,
no ano passado, se mutilou ao retirar do Regimento alguns instrumentos, o que
nos deixou nesta ambivalência radical de agirmos através de dois tipos de
requerimento: de aplauso incondicional ou de protesto absoluto, que é o que a
Vera. Anamaria Negroni propõe.
A simples semelhança,
manifestada da tribuna pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, entre a propaganda famosa
da Administração Municipal com a Dona Geni Machado e o que agora se anuncia que
ocorreu no programa do PT já me deixa trêmulo. Lembro-me bem da Dona Geni
Machado, com o seu ônibus maravilhoso, a sua Porto Alegre cor-de-rosa, que só ela
via e só ela proclamava; depois, soube-se que era uma trucagem, que a Dona Geni
só entrou com o nome. O resto foi entregue à profissional que,
profissionalmente, vendeu a idéia de que Porto Alegre estava linda, divina e
maravilhosa. Agora a Vera. Anamaria Negroni levanta uma questão absolutamente
procedente no que diz respeito à exploração de imagem e voz de crianças em
propaganda eleitoral. Como muito bem assinalou o Ver. Antonio Hohlfeldt, é uma
matéria que não deveria nem merecer protesto nosso; deveria merecer ação
imediata do CONAR no sentido de evitar esse tipo de exploração.
Todos sabem que eu não sou
homem de ficar em cima do muro em assunto nenhum. Entendo uma certa demasia na
proposição da Vera. Anamaria Negroni, em que pese a sua validade de ter trazido
o assunto para debate na Casa, permitindo, assim, a nossa inclusão no rol
daqueles que protestam contra a exploração da inocência das crianças e dos
adolescentes com fins eleitorais e eleitoreiros.
Somando-me à Vera. Anamaria
Negroni, quero colocar, de forma clara e insofismável, que, ainda achando que é
demasia o protesto de uma casa legislativa sobre um tipo de propaganda
eleitoral, nos devemos preservar. Se o
PT gosta de explorar as crianças, os ingênuos, os incautos, nós não temos nada
a ver com isso. O PT faz a sua propaganda enganosa do jeito que entende que
deve fazer. Nós achamos, Vera. Anamaria Negroni, que V. Exa. tem razão. É um
equívoco a exploração da voz de crianças, da inocência infantil. Nós, que há
pouco estávamos na iminência de receber o Presidente do Conselho Municipal da
Criança e do Adolescente, ficamos chocados por ter que estar tratando desse
assunto nesta hora. Mas, na mesma linha que eu faço este protesto veemente,
digo que, entre entender que isso é um abuso, que o CONAR, mais uma vez, está
dormindo diante desse absurdo, e concordar que a Câmara, na sua condição de
órgão legislativo, com toda a sua representatividade, vá fazer protesto contra
o tipo de propaganda que faz o PT, há uma distância muito grande.
Cumprimento a Vera. Anamaria Negroni por ter levantado o assunto.
Só não posso acompanhá-la. Ela não tem culpa disso; tem poucos meios legais
para atuar aqui no Legislativo, porque o Legislativo se castrou em 96 reduzindo
várias perspectivas - no protesto, que eu entendo uma demasia. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): A Mesa registra, com muita
satisfação, a presença, neste Plenário, do Sr. Marco Antônio Rio Branco, que é
da Executiva Estadual do PSDB.
Em votação o Requerimento de
Moção de Repúdio à propaganda do PT. A
votação será nominal por solicitação da Vera. Anamaria Negroni. (Após a
chamada.) REJEITADO por 04 votos SIM, 16 votos NÃO e 03 ABSTENÇÕES.
Srs. Vereadores, antes de passar ao próximo Requerimento, temos um convite para um Congresso Internacional que acontecerá no Chile, de 27 a 30 de agosto de 1997. É o III Encontro de Prefeitos, Intendentes, Vereadores e Governadores do Cone Central da América do Sul.
O tema fundamental desse
encontro, que tem muito prestígio, é reconhecido, pois é o terceiro, é relativo
à questão constitucional e financeira em especial. Os vereadores, prefeitos e
governadores que estiverem lá vão tratar de uma questão política que é muito
importante para os Municípios da América Latina, que é a forma de arrecadação
que hoje, na maioria dos países, é feita de forma centralizada e depois
distribuída. Há uma tendência dos Municípios à luta para que, pelo menos,
determinados tributos e tarifas sejam recolhidos pelos Municípios, e as partes
da União e dos Estados sejam repassadas. O objetivo é inverter esse processo,
tal é a quantidade de responsabilidades que os Municípios têm assumido.
Eu faço esse preâmbulo para
dizer por que a Mesa fez uma reunião. Recebemos
a visita de uma representação de uma cidade do Chile. A Mesa fez a seguinte
proposta: após uma discussão bastante consubstanciada, concluímos que devemos
propor ao Plenário a ida de, no mínimo, três Vereadores e que as Comissões que
tinham maior afinidade com os assuntos a serem tratados lá eram a Comissão
de Constituição e Justiça, Comissão de
Finanças e Orçamento e a Comissão de Transportes e Habitação. Na reunião, já se
escolheu o Ver. Reginaldo Pujol, que é membro da Mesa e representaria também a Comissão de
Constituição e Justiça.
Solicitamos à CUTHAB que
fizesse uma reunião rápida, porque nós precisamos saber dos nomes ainda hoje,
se possível até as 13 horas, pois essas coisas foram feitas de afogadilho, e o
nosso Diretor de Patrimônio e Finanças, Dr. Luís Afonso, está aqui esperando
para poder garantir a reserva. Na segunda-feira, nós aprovaríamos,
oficialmente, um requerimento,
designando representantes da Casa. Pelo
que eu sei, a CUTHAB já escolheu. Peço ao Presidente da CUTHAB que diga qual
foi o Vereador escolhido.
O SR. JOSÉ VALDIR: Por solicitação de V. Exa., nós fizemos uma reunião rápida,
consultamos os cinco Vereadores da Comissão e, por unanimidade, escolhemos o Ver. Antônio Losada para
representar a Comissão.
O SR. PRESIDENTE: Então, já temos dois representantes escolhidos. Precisamos saber, agora, da CEFOR.
Solicitamos ao Ver. Pedro Ruas que se manifeste.
O SR. PEDRO RUAS: A nossa Comissão soube agora do Requerimento de V. Exa., acha
importante e ainda não se reuniu. Vamo-nos reunir e, logo após, informaremos V.
Exa. ou diretamente o Dr. Luís Afonso do resultado da reunião. Vejo a ansiedade
dos Vereadores Luiz Braz, Adeli Sell e Guilherme Barbosa, aguardando a decisão
de nossa reunião.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa quer dizer que a sua proposição é essa. Nós achamos que há
limites, inclusive financeiros, em função das outras Comissões que já tiveram
representação externa.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Na qualidade de Vice-Presidente da Comissão de
Constituição e Justiça, apesar de não termos sido consultados sobre a
indicação, queremos dizer que estamos de acordo.
O SR. PRESIDENTE: Vereador, a Mesa indicou o Ver. Reginaldo Pujol, que iria ter uma
conversa, e nós iríamos ter essa mesma decisão. Se for o caso, pode ir alguém
da Mesa e alguém da Comissão também. Isso não está fechado, só que teria que
ser resolvido.
Por solicitação do 2º
Secretário, Ver. Guilherme Barbosa, queremos fazer uma retificação no resultado
da votação anterior – Moção de Repúdio a propaganda do PT - ao invés de 16 votos NÃO, foram 17 votos NÃO.
Requerimento, de autoria da
Vera. Clênia Maranhão, solicitando que seja oficiada ao Congresso Nacional
Moção de Apoio ao projeto que regulamenta a assistência ao aborto legal,
previsto pelo Código Penal, que obriga os hospitais da rede pública a
realizarem o aborto nos casos previstos em lei.
Em votação. Com a palavra, a Vera. Clênia Maranhão para encaminhar.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no Brasil, desde
a época do Estado Novo, 1937 a 1945, quando se discutia a elaboração do Código
Penal, a questão do aborto já se constituía um dos temas polêmicos daquele
momento. Em 1940 foi aprovado o Código Penal, que ainda está em vigor neste
País, hoje sendo questionado, tendo em vista os novos conceitos incorporados na
legislação penal, inclusive internacional.
Parece absurdo, mas vimos manifestações dos mais diversos setores
sobre a aprovação de uma lei que regulamenta um artigo desse Código, o art.
128, que permite, no caso brasileiro, o aborto legal em duas circunstâncias:
quando a mulher é vítima de estupro, ou quando a mulher grávida corre risco de
vida. O que se discutiu no Congresso brasileiro não foi uma lei de legalização
do aborto. O que se discutiu no Congresso foi uma lei que já foi aprovada no
Município de Porto Alegre, aprovada por esta Câmara, uma lei de autoria do Ver.
João Motta, amplamente discutida nesta Casa e sancionada em 15 de abril de
1996. A regulamentação aprovada na Comissão de Justiça do Congresso dá
responsabilidade, dá permissão ao Sistema Único de Saúde para a realização do
aborto em apenas esses dois casos, previstos há mais de 50 anos no Código Penal
brasileiro. A discussão que se faz, e a forma como isso foi apresentado à
sociedade, é de que houve uma modificação na legislação brasileira
regulamentando o aborto em todas as circunstâncias.
Quero dizer aos presentes
que essa regulamentação não vai pôr fim a uma triste realidade da saúde da
mulher no País, que é a realidade do aborto clandestino, que é o destino das
clínicas que, sem nenhuma condição sanitária, expõem a um risco enorme as
mulheres que são obrigadas a fazer aborto. Tenho defendido a necessidade, neste
País, de uma política de assistência integral à saúde da mulher que venha a
colocar entre suas ações uma política de planejamento familiar, evitando,
assim, ou diminuindo, a gravidez indesejada, que é, efetivamente, a causa do
aborto. A aprovação desse regulamento permite, apenas, que as mulheres possam
fazer pelo SUS o aborto nessas duas situações dramáticas.
A legislação que é elaborada
e aprovada no País deve considerar que tem que ser aplicada a todas as
mulheres. A realidade brasileira, hoje, nos aponta que uma mulher que tem
recursos, tendo passado por essa situação absurda de violência, procura o seu
médico particular ou sua clínica particular e realiza o aborto. Não é o fato de
não estar regulamentado o art. 158 do Código Penal que faz com que a mulher
deixe de fazer aborto. Pelo fato de não estar regulamentado, isso é feito em
condições de ilegalidade, em condições precárias e com preços absurdos,
trazendo, às vezes, seqüelas físicas irreversíveis para as mulheres e seqüelas
psicológicas que são acumuladas às seqüelas da violência sexual. Infelizmente,
as pessoas tiveram uma imagem, através daquilo que se viu na ante-sala da
Comissão de Justiça, lamentável, porque as pessoas se pronunciavam sobre algo
que não tinham conhecimento. Mais lamentável ainda foi o que vimos ontem,
através da declaração do nosso Ministro da Saúde, de que ia se colocar contra a
aprovação dessa lei no momento em que neste País já existem sete hospitais
públicos que, através de legislações municipais, como existe em Porto Alegre,
já executam esse tipo de serviço. Eu acredito que o Ministro, que não estava em
Brasília, estava no Centro-oeste brasileiro, não tinha noção exata do que havia
sido aprovado, tendo em vista a incompreensão do que foi aprovado pelo
Congresso brasileiro.
Sr. Presidente, eu gostaria
de usar o tempo de Bancada, ou seja Liderança.
O SR. PRESIDENTE: V. Exa. tem o tempo de Bancada.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Eu acredito
que - o que não deixa de ser uma falha grave - houve um desconhecimento do
conteúdo real da aprovação daquela lei. Se não é isso, eu acho que a situação
fica muito mais complicada, porque ele já é Ministro há praticamente um ano e,
na condição de Ministro, é o responsável pelo sistema de saúde pública. Essa
polêmica serviu, por um lado, para aprofundar, na sociedade, a verdadeira
discussão sobre a situação da saúde, da saúde da mulher, a questão do preconceito,
a questão da violência e a questão dos direitos humanos. Eu quero lembrar que
nós, enquanto Vereadores desta Casa, aprovamos uma lei com amplo debate, que
foi sancionada pelo Executivo, que ainda não implantou em Porto Alegre esse
serviço.
Ontem ouvia uma entrevista
do nosso Secretário da Saúde, Ver. Henrique Fontana, dizendo que estavam sendo
preparadas as condições concretas para que esse serviço fosse implantado em
Porto Alegre. Acredito que nós, no meio dessa polêmica nacional que se criou,
temos também que fazer uma pressão para o aceleramento da implantação desses
serviços. Quero dizer também que, na verdade, não se necessita de grandes
modificações na estrutura da saúde para realização do aborto legal. O que na
verdade hoje é oneroso, é caro e é complicado, do ponto de vista técnico na
área da saúde, é a realidade que enfrentam os hospitais que atendem a área de
ginecologia e obstetrícia, porque grande parte das internações dos leitos
ginecológicos são ocupados por mulheres que têm seqüela de aborto, e não só o
aborto legal, mas o aborto provocado
pela gravidez indesejada, que é feito muitas vezes dentro da própria
casa, em situações de risco, principalmente por mulheres jovens que, neste
País, têm o maior índice de gravidez indesejada, adolescentes que, com medo da
repressão familiar ou pelo fato de os seus companheiros não quererem assumir
essa gravidez, ou por elas mesmas não estarem decididas, fazem o aborto em
condições de absoluta pressão psicológica e sem nenhum recurso sanitário. Essa
é uma realidade neste País, e também mundial, nos países que não têm
consolidada uma política de saúde da mulher e que não têm uma legislação
referente a este tema.
Acho que é fundamental a
discussão política da necessidade dessa política pública em todos os níveis,
nas instâncias dos Executivos deste País, para que possamos sair do âmbito da
discussão ideológica ou religiosa e colocar essa discussão onde tem que ser
colocada: como um direito das mulheres e como reivindicação antiga das mulheres
que convivem com a realidade brutal, daquelas que são vítimas da violência
física e sexual. Acho que a aprovação dessa Moção é muito importante pela
justiça que tem que ser feita com as mulheres e também porque Porto Alegre foi
uma das cidades pioneiras na aprovação da legislação que garante que o Sistema
Único de Saúde deva fazer o aborto legal. As clínicas clandestinas continuarão,
o número de abortos continuará crescendo para aquelas mulheres que têm a
gravidez indesejada e que, na sua totalidade, acabam fazendo aborto. Quando
essa gravidez acontece nessas duas situações, situações complicadas,
conflitantes, pelo menos isso deve ser regulamentado neste País.
Faz 50 anos que isso foi
aprovado. Num país em que uma legislação que envolve a saúde e a vida das
mulheres leva 50 anos para ser regulamentada e, quando é regulamentada, baixa
essa discussão, é a prova de que é um
país que deve discutir muito o seu aparato legal e o direito de 52% da
população do País, que é feminina. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Pedro Ruas para encaminhar.
O SR. PEDRO RUAS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é com muito orgulho que faço este
encaminhamento, Vera. Clênia Maranhão, de uma Moção que traduz uma posição que
é, como disse V. Exa., de Porto Alegre, mas é também uma posição hoje de todos
aqueles segmentos do nosso País que têm um mínimo de responsabilidade em
relação à saúde pública, mesmo desconsiderando a questão mais importante,
que é a questão específica da mulher.
Nós temos, e V. Exa. foi
precisa em seu pronunciamento, neste episódio um problema gravíssimo de saúde
pública envolvido - uma legislação que tem 57 anos e que determina que, em pelo menos duas circunstâncias, o aborto
seja permitido no País, ou seja, aquela situação decorrente do estupro ou a
situação de risco à saúde da gestante. É uma regulamentação que tardiamente se
fez em nível nacional. Porto Alegre já deu exemplo nesse sentido, e a Comissão
de Justiça da Câmara Federal, por um voto, aprovou aquilo que é uma obrigação
que deveria ter sido cumprida há mais de meio século. Não sei os números que
todos os Vereadores têm, mas este Vereador teve conhecimento, há muito tempo, com o Movimento de Justiça e
Direitos Humanos, que ocorrem mais de 300 mil mortes por ano, no Brasil, em
abortos clandestinos, de mulheres que morreram porque não tiveram a assistência
da rede de saúde pública para a realização daquilo que a lei permite.
A infelicidade do Ministro
da Saúde é absoluta, é algo que demonstra não só uma incompetência total para o
exame dessa questão, como, de certa forma, um desrespeito à legislação, o que
não se admite no primeiro escalão federal - o desrespeito a uma legislação que
tem 50 anos. Não é uma inovação, não é uma legislação da semana passada, é uma
legislação de 1940. Até o momento, não há a possibilidade, na verdade, do
cumprimento da lei. E a mulher que é vítima de estupro, que corre risco de saúde na sua gestação,
não tem o direito, se for mulher pobre, e a grande maioria o é, de
realizar aquilo que a lei permite. Não
está se discutindo aqui a questão do aborto, nem a descriminalização do aborto,
ou seja, descriminar, tirar da esfera do crime o aborto. Não é essa a
discussão. A discussão, efetivamente, é a regulamentação de um dispositivo
legal do Código Penal que existe há 57 anos. Essa questão precisa ser enfocada
e resolvida sob pena de o País ficar, perante a comunidade internacional,
permanentemente com essa vergonha de uma legislação que não pode ser cumprida e
que leva, cotidianamente, milhares de mulheres à morte por falta de condições
adequadas para a realização daquilo que a lei permite.
É importante destacar que
não discutimos aqui, pelo menos neste momento, a questão do aborto e a sua
ampliação, mas discutimos, simplesmente, a regulamentação de um direito que
existe, e a posição do Ministro ao pedir ao Presidente da República o veto é
simplesmente de desconhecer a lei, desconhecer a tragédia social que é o aborto
clandestino, desconhecer milhares de mortes que ocorrem a cada ano e, fundamentalmente,
um desrespeito à cidadania, aos direitos humanos, à questão básica da
mulher. Por isso, Vera Clênia Maranhão,
receba de nós a solidariedade, o apoio e o voto favorável a sua Moção. Muito
obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está
com a palavra para encaminhar.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, especialmente a
Vera. Clênia Maranhão. Não poderia ser diferente: faço o encaminhamento em nome
da Bancada do Partido dos Trabalhadores, dizendo que somos favoráveis à Moção
proposta pela Vereadora, assim como a nossa bancada, no Governo Federal, tem um
posicionamento e uma linha de defesa desse Projeto. O fato, Srs. Vereadores, é
que é de se estranhar que, no final do século, nós ainda tratemos com uma
hipocrisia tão grande uma questão como essa e, mais do que isso, mesmo os
aspectos e itens que estão previstos dentro do Código Penal desde 1943 - que é
a possibilidade da prática do aborto quando em situação de estupro ou risco de
vida -, não tenhamos ainda, do ponto de vista público neste País, a garantia de
que esses dispositivos pudessem ser aplicados, com segurança, para as mulheres,
Srs. Vereadores, que já são vítimas do estupro, da violência e que são vítimas
também de situação que lhes foge do controle, que é a situação de risco de vida
quando em condição de gravidez.
Porto Alegre, na verdade, é
uma das cidades pioneiras no enfrentamento dessa questão e da garantia de que o
SUS acolhesse e realizasse procedimentos dentro da sua rede hospitalar para os
casos previstos em lei. O Ver. João Motta
já trouxe ao debate desta Casa
projeto que nós aprovamos, e me parece que esta questão, que é uma das questões
importantes debatidas no âmbito do Congresso Nacional e da sociedade nos dias
de hoje, não pode ser tratada como uma
questão de polícia e, sim, precisa ser tratada como uma questão de saúde
pública na perspectiva dos direitos
humanos.
Nós defendemos a Moção
proposta pela Vera. Clênia Maranhão e hoje o procedimento indicado em nível do
Congresso Nacional e nos posicionamos contrários às declarações do Ministro da
Saúde, porque defendemos a vida de milhares de mulheres que perdem a sua vida
em situações indesejadas, em clínicas clandestinas, sem qualquer segurança na
perspectiva da saúde e, ainda, vitimadas pela culpa, pela cultura dominante da
nossa sociedade, que coloca a responsabilidade de uma gravidez desse tipo
somente sobre as mulheres e que não compartilha com qualquer outro que seja
também responsável. Consideramos que a aprovação pelo Congresso Nacional desse
dispositivo trabalha na perspectiva do reconhecimento dos direitos das mulheres
como direitos humanos e especialmente recupera
para as mulheres empobrecidas e para aquelas que já são vítimas da
exclusão social e, muitas vezes, da ignorância daquilo que lhes é direito
assegurado em lei, mas que, na prática, não lhes é assegurado pelo Poder
Executivo, pelo Poder Público.
Acreditamos que, ao lado de
medidas como essa, que garantam, nessas
duas circunstâncias, do estupro e do risco de vida, a possibilidade do aborto,
devemos todos fazer um trabalho comum no sentido de que existam programas
específicos de apoio à saúde da mulher no sentido mais integral, global, amplo
e que, de fato, coloque em prática, no nosso País, aquilo que é defendido por
todos nós, que é a assistência integral à saúde da mulher, com o apoio ao
planejamento familiar e, mais do que isso, para que casos como esses não venham
a ocorrer, com procedimentos como o da pílula do dia seguinte, procedimentos
que enfrentem a violência, procedimentos que, de fato, assegurem uma visão
acerca do direito da mulher, que enfrentem a situação de violência que é
cometida contra ela todos os dias.
A Organização Mundial da
Saúde avalia que mais de três milhões de abortos ocorrem por ano no nosso País.
Destes, seguramente, mais de 300 mil mulheres são vítimas fatais. Os dados
acerca dos abortos clandestinos, realizados em situações em que as mulheres são
estupradas ou vítimas de risco de vida, nós não temos, ainda, mapeados, por
incrível que pareça. Mas sem dúvida que, tirando do plano da ilegalidade, de
fato, e garantindo que estes procedimentos nesses dois casos possam ocorrer
dentro da rede pública de saúde, nós estaremos amparando estas mulheres e
garantindo a vida. E é na perspectiva da defesa da vida das mulheres que nós
precisamos aprovar a Moção da Vera. Clênia Maranhão e garantir que o Congresso
Nacional aprove esse procedimento proposto, que garante, na rede pública
hospitalar, em caso de estupro e risco de vida, a autorização para a prática de
aborto. Obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Anamaria Negroni está com a palavra para encaminhar.
A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, eu gostaria de discutir a Moção da Vera. Clênia Maranhão que, sem
dúvida nenhuma, já adianto, merece o nosso apoio.
Eu acredito que o Ministro
da Saúde tem suas razões, como religioso, como deixou claro em suas
declarações, quando se disse contrário ao aborto, inclusive no sentido de pedir
ao Presidente da República que vetasse o projeto que autoriza a realização do
aborto pela rede hospitalar. Ele declarou o seguinte: “Por questões éticas e
religiosas, sou totalmente contra esse Projeto”. Eu creio que nós devemos
respeitar as pessoas por suas posições. Eu o respeito. Gosto muito do nosso
Ministro da Saúde, Dr. Albuquerque, mas, neste momento, realmente, considero que
ele foi muito infeliz nas suas declarações. Na realidade, o que estamos
discutindo é apenas o cumprimento de um direito que as mulheres têm garantido
no Código Penal de 1940. E, de acordo com seu art. 128, o aborto já é permitido
e pode ser praticado por médico se a gestante corre risco de vida ou se a
gravidez foi provocada por estupro. A Igreja é favorável ao veto. O Presidente
da CNBB, Dom Lucas Moreira Neves, diz que a posição da Igreja, em qualquer
circunstância, é pela vida. Nós também pensamos dessa forma, que sempre devemos
lutar pela vida. Os médicos, inclusive, fazem seus comprometimentos de sempre
defender a vida das pessoas.
Mas, neste momento, devemos
pensar que filho pode nascer de uma união carnal havida através da violência,
de um estupro. Quais as condições psicológicas com que essa mãe vai gerar esse
filho? Até em casa, muitas vezes, quantas mulheres e meninas são estupradas por
homens da própria família? Então, levando em consideração isso, não podemos, de
forma alguma, pensar de forma diferente.
Acho que não podemos levar
em consideração a questão religiosa, questões éticas e, sim, a questão mais
importante, que é muito pessoal, muito interior, a questão psicológica da
mulher, de como a mulher vai se sentir, como essa criança vai chegar ao mundo,
como vai ser criada. Se uma criança é gerada com amor, é diferente a relação
dela com a mãe, é totalmente diferente. Até aquela mãe que concebe e depois é
abandonada, ela mesma, depois de abandonada, provavelmente queira continuar com
a gravidez por estar gerando um fruto de uma relação bonita que ela teve num
momento da sua vida. No entanto, esse tipo de relação carnal com violência
física e psicológica, enfim, não pode resultar daí a criação de uma criança
sadia. E hoje em dia é tão difícil criar um filho! A dificuldade que as
mulheres têm de criar os seus filhos, com trabalho, enfim, com tantas coisas
que têm a fazer! Temos muito pouco tempo para os filhos; procuramos dar mais
qualidade. Eu penso em tudo isso quando estou defendendo o apoio a esta Moção.
Criar um filho é uma coisa
muito importante e deve ser feita com muito amor. Só assim podemos criar
pessoas boas, dando condições para a formação de uma excelente personalidade.
Por exemplo, eu mesma, como divorciada, eu dei ao meu filho a melhor das
condições e a formação da personalidade dele foi ótima, porque foi um filho
querido, que, embora eu tendo me divorciado, foi criado com todo o amor e todo
o carinho. É diferente. É totalmente diferente de uma situação de estupro.
Concluindo, eu diria que,
apoiando esta Moção, estaremos votando a favor da saúde e da vida da mulher.
Inclusive solicito aos demais Vereadores que apoiem esta Moção de autoria da
Vera. Clênia Maranhão, ela merece o nosso total apoio. Obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O PRESIDENTE: Não há mais encaminhamentos.
Colocamos em votação o Requerimento de Moção de Apoio da Vera. Clênia Maranhão.
Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO com o voto contrário do Ver.
João Nedel.
Gostaria de dizer que estava
com a intenção de provocar algum posicionamento da Casa em relação ao assunto,
mas não o fiz; portanto, me sinto resgatado com a Moção que V. Exa. fez. Eu
acho que a Câmara Municipal de Porto Alegre, com todo o respeito a quem é
contra, tinha que colocar uma posição e ela foi amplamente apoiada, tendo em
vista que se trata de casos específicos de aborto e muito bem definidos na lei.
Não é qualquer tipo de aborto. É aborto por razões que são supervenientes e de
defesa da vida.
Encerramos os trabalhos.
(Encerra-se a
Sessão às 12h46min.)
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